22 dezembro, 2009

Oh, oh, oh...



...desejar um feliz Natal a todos os seguidores deste blog. Por falta de disponibilidade (a habitual azáfama natalícia) este  post ainda não é "o tal" sobre "o cuidar". Esta é a minha época do ano preferida, pela magia que (ainda) parece existir no Natal, pelas mensagens de paz e amor, pelos presentes, pelas decorações, pelas iguarias tradicionais... É uma época triste para os doentes que vão passar o Natal internados, mas mais triste ainda para quem (só por eles) tem de ficar a trabalhar, os enfermeiros e que não são poucos, e que não ganham mais por isso. Assim, para os que tal como eu ainda acreditam no Pai Natal e para os restantes:

DESEJO UM NATAL MUITO FELIZ 
JUNTO DOS QUE MAIS AMAM!

LProlog

18 dezembro, 2009

Essência Natural



...ser essencial. Sendo que temos muitos colegas que insistem em falar da essência da enfermagem sem saber do que falam, decidi pesquisar e reflectir um pouco neste assunto, para não cometer o mesmo erro. A essência pode ser definida como as propriedades imutáveis de algo. Virgínia Henderson disse que "a definição de enfermagem não é para toda a vida. Creio que a enfermagem é modificada pela época em que é praticada e depende, em grande parte, do que fazem os outros profissionais de saúde." Assim sendo, poderá falar-se numa verdadeira essência da enfermagem (com características imutáveis)? Segundo grande parte dos autores (ex. Leininger e Swanson) o que é verdadeiramente imutável na enfermagem é o cuidar, sendo a enfermagem a verdadeira ciência (não a vejo como arte, por diversas razões) do cuidar. Será então o cuidar a verdadeira essência da enfermagem? E o que é afinal o cuidar? Será que este é imutável? Se a sua definição muda ao longo do tempo, também muda a de enfermagem e por conseguinte a sua essência... mas a essência não é imutável? Está assim dado o mote para o próximo post, que pela sua complexidade e extensão, que vai por à prova toda a minha capacidade de síntese, estou a redigir há uns dias (devagarinho) e tem servido como um exercício de reflexão, tal como (quase) todos os posts deste blog, sendo um dos principais estímulos para continuar o mesmo.

14 dezembro, 2009

Fashion & Style



...ter estilo. Penso que seja generalizada a censura das escolas de enfermagem em relação à imagem/estilo dos seus alunos. Na minha escola em particular, em estágio era (e fui) "aconselhado" a cortar o cabelo por "já estar demasiado comprido" ou a cortar a barba, que "devia ser cortada todos os dias". Mais grave ainda era o facto de mesmo durante o tempo de aulas haver uma censura constante e atenta ás roupas e ao estilo dos alunos em geral. Nada de roupas mais extravagantes e um colega foi proibido pela directora de entrar na escola enquanto não mudasse o corte de cabelo (pouco convencional) que tinha feito. Sem me referir sequer aos aspectos legais, que autoridade (moral) tem qualquer professor ou director ou quem quer que seja na escola para me proibir de vestir qualquer roupa ou usar determinado penteado, piercing, tatuagem, de interferir com o meu estilo próprio, a minha identidade (respeitando obviamente o pudor público)? O mais interessante é que estas ideias são incutidas em grande parte dos alunos que depois, enquanto profissionais, acabam por exercer a mesma censura sobre os colegas que ousam afirmar o seu estilo, a sua identidade. Não basta já todos nós termos de usar um uniforme/farda que de estético pouco ou nada tem e cujos objectivos não são certamente conhecidos na totalidade pela maioria dos colegas (este assunto dará origem a um futuro post certamente interessante). Felizmente assistimos cada vez mais a enfermeiros que alheios a esta censura vivem e trabalham com o seu estilo próprio, com todo o tipo de penteados, piercings e tatuagens, como todos os profissionais, uma vez que isto não influencia a qualidade do seu trabalho. A enfermagem já não é (só) praticada por freiras!

04 dezembro, 2009

E tudo o tempo levou



...recuperar energias. Não há como umas boas férias (quanto maiores, melhor) para recuperar as forças (físicas e mentais). Passar uns dias "sem fazer nada", sem preocupações constantes, sem lombalgias (de esforço), sem horas para entrar e sair, sem aquele toque do despertador que já não se pode ouvir e toca na hora em que o sono nos estava a saber melhor... No regresso ao trabalho voltamos a ter aquela paciência maior que a dum santo, aquele ar fresco com um sorriso nos lábios enquanto somos agredidos (verbal ou fisicamente) por um doente mais violento e desorientado, voltamos a acreditar nas boas intenções das pessoas, esquecemos a hipocrisia dos colegas, ficamos cegos à monotonia do trabalho, continuamos é a não conseguir tolerar aquela comida de refeitório, que com aspectos diferentes não varia no sabor e se torna intragável, sobretudo para quem, como eu, come "de bisturi" (nem "tudo o que vai à rede é peixe"!) e no fim da refeição o prato parece estar mais cheio que no início da mesma (valham-nos os amigos que acabam por dissecar alguma coisa no meio dos retalhos finais). O senão é que depressa se desvanece o efeito (mágico) das férias e voltamos ao "estado habitual", novamente cansados de tudo quando ainda falta tanto tempo para as próximas. Tenho muitas saudades das férias escolares... aquelas que duravam até estarmos fartos delas, até começarmos a sentir saudades de voltar à escola.

22 novembro, 2009

"Muito trabalha um burro"



...ser um workaholic. Em primeiro lugar, quero diferenciar um workaholic de um "dinheirolic", este último trabalha pelo dinheiro e não pelo trabalho em si, não que seja muito melhor que o primeiro e talvez mereça também um post mais tarde uma vez que com a tradição dos enfermeiros para acumularem funções, existe um grande número dos dois. Regressando ao tema principal, o workaholic, pode ser definido como aquele profissional que trabalha demais, por prazer ou vicio e que chega a confundir a vida pessoal e profissional. Penso que enquanto enfermeiros, todos conhecemos alguém assim (talvez nós próprios?). O aparecimento destes é motivado pela alta competitividade, vaidade, ganância, ou alguma necessidade pessoal de provar algo a alguém ou a si mesmo (percebe-se porque a enfermagem é o berço ideal para o nascimento destes). Estou a falar daqueles colegas que trabalham 50...60...70...80 ou mais horas/semana e só assim são felizes, não têm amigos (talvez alguns no trabalho?), a família é só para perder tempo útil e quando não podem estar no local de trabalho, levam o trabalho para casa, conseguindo trabalhar quase 24h por dia e muitas vezes comem, dormem, vivem literalmente no local de trabalho. Quais as consequências disto? Conseguem-se imaginar as consequências de (só) tirar prazer de algo que normalmente é visto como o inverso do lazer, do descanso. Com o tempo, a produção tende a cair, uma consequência do stress, cansaço e até doenças cardiovasculares; a visão do mundo é reduzida, a criatividade fica comprometida e o processo de tomada de decisão é prejudicado. Para além disso, e enquanto não-patrão/gestor o que interfere comigo é o facto destas serem pessoas tendencialmente amarguradas, agressivamente competitivas, solitárias, até deprimidas e da minha experiência pessoal, óptimos candidatos a graxistas/falsos. Felizmente as empresas (talvez não as portuguesas) já se começaram a aperceber que este distúrbio teoricamente rendível é na prática e a médio/longo prazo um fracasso para a empresa, uma vez que se está a voltar ás práticas de melhoria do ambiente/condições de trabalho com vista a um aumento do rendimento geral; claro que em Portugal ainda estamos mais na fase de crer que a melhor maneira de aumentar o rendimento é aumentar as horas de trabalho, diminuir o descanso, o lazer e diminuir custos com melhoria de condições de trabalho e protecção social, não se pensa a longo prazo. Em jeito de conclusão diria que eu me considero um... "fériasholic" e por falar nisso, as próximas férias estão a bater à porta (ou à janela)... que bem me vão saber!

20 novembro, 2009

A verdade da mentira



...ser atraiçoado pelos colegas. Dedico este post a todos aqueles enfermeiros que têm tanto de traiçoeiros como de graxistas, ou seja, a um grande número de colegas (pelo menos do meu universo). Já tinha falado anteriormente nesta falsidade que mina a enfermagem e que associei ao elevado número de mulheres na profissão, embora os homens também tendam a seguir o mesmo caminho. Desde sempre lidei com graxistas e pessoas falsas, desde os tempos da escola que reparei que ser graxista dava resultado e agora os colegas de profissão, que talvez por serem enfermeiros (tenho ideia que é uma profissão com pretensão para tal), são do mais graxista e falso que alguma tinha visto. Não importa serem bons profissionais, o que importa é fingirem e iludirem os superiores hierárquicos, com falinhas mansas, acusações de colegas (muitas vezes falsas) e outros métodos tão criativos como asquerosos. A verdade é que por mais imparcial que um chefe tente ser acaba por ser iludido por estas "bailarinas do ventre", que desviam a atenção da sua incompetência e que por vezes são tão boas que conseguem iludir mesmo os colegas que pensam contar com o mesmo apoio que lhes dão e na verdade estão a ser "apunhalados pelas costas" e só dão conta disso muito mais tarde. O que eu só descobri enquanto profissional foi um sub-tipo de graxista/falso, que é já uma refinação do graxista/falso básico, provavelmente especializado após vários anos de lambe-botas, de escovagem, que são os que eu denomino de graxistas-esponja e que absorvem tudo o que os colegas dizem (e fazem) para mais tarde citar (descontextualizadamente) tendo em vista a satisfação das suas próprias pretensões ou simplesmente descredibilizar e rebaixar os colegas perante outros; estas são pessoas cujo discurso, se escrito, estaria sempre entre aspas, nada do que dizem é da sua autoria, não têm ideias nem ideais, usam os dos outros, nunca querem nada (os colegas é que querem), nunca têm críticas fazer aos chefes - são os colegas, e assim vão subindo na vida (raramente chegam a cair), usando os colegas e abusando dos chefes.

O diabo pode citar as Escrituras quando isso lhe convém. (William Shakespeare)

19 novembro, 2009

Prenda de Natal antecipada




...não ter Natal. Já tive conhecimento do "horário das festas 2009"; vou ficar (outra vez) sem Natal. Fazer tarde a 24 e tarde a 25 impede-me de jantar com a minha família no dia 24 e de almoçar com ela no dia 25 por esta se encontrar relativamente longe, mas... hei! Tens o Ano Novo livre!!! Que bom... só é pena que a passagem de ano não tenha qualquer significado para mim... festejos há muitos, festas com a família junta (para mim) não. E o que recebo eu em troca, como consolação? Um ordenado base como nos outros meses, que não reflecte a minha licenciatura, ao contrário de todos os outros profissionais licenciados; como este ano não faço a noite em si, nem aos pobres suplementos (iguais aos de qualquer outra noite) tenho direito. Sinceramente, o simples facto de saber que posso tornar melhor o Natal de outras pessoas não compensa a minha perda (do Natal), quando (quase) toda a gente está a viver um dia(/noite) tão especial junto dos seus familiares, a celebrar como só se faz uma vez no ano, com troca de prendas, de afectos e com iguarias que não se comem no resto do ano, ou pelo menos não têm definitivamente o mesmo sabor. As montras enfeitadas com pinheiros de Natal e bonecos-de-neve não nos fazem lembrar o Natal, mas o hospital, a publicidade aos brinquedos, aos perfumes, aos bombons e ao uísque não nos fazem lembrar as prendas mas o trabalho, os normais votos de "boas festas!" são substituídos por votos de "uma noite de trabalho sem percalços" e o "jantar de Natal do serviço" da praxe torna-se uma mostra do que vamos perder. É isto que é ser enfermeiro; se eu não sabia disso quando optei por este caminho? Sim, sabia, mas não sabia era que tal sacrifício era tão desprezado pelos demais.

14 novembro, 2009

Trocas e baldrocas



...ser trocado. Uma das poucas vantagens (talvez a única verdadeira) do roullement é a flexibilidade do nosso horário, sendo que o podemos ajustar ás nossas necessidades. Qual é o limite deste ajuste? Excluindo aqueles chefes que (quase) proíbem as trocas (e os limites legais), "a nossa liberdade termina onde começa a dos outros", e aqui chegamos ao cerne deste post. O facto de se fazer uma troca significa que se vai trocar um turno nosso pelo turno de outro colega, o que pressupõe que alterando o nosso horário vamos também alterar o horário do colega. Aquilo a que eu assisto diariamente são colegas que conseguem em pouco tempo alterar (quase) todos os turnos, ficando com um horário completamente diferente, de acordo com as suas preferências; depois vejo as colegas que trocam menos turnos, mas decidem sempre juntar muitas folgas ou não querem fazer manhãs (p.ex.), temos ainda os colegas que trocam os turnos para ganhar mais algum em horas de qualidade e depois temos os colegas que só trocam mesmo os turnos por necessidade, por incompatibilidade e que acabam por fazer mais trocas porque lhe pedem. O que se passa é que normalmente (e se for bem elaborado), o horário encontra-se equilibrado em termos de tipos de turno, dias seguidos de trabalho, folgas... quem posteriormente troca activamente os turnos altera este equilíbrio a seu favor e quem troca passivamente acaba por ficar com um horário desequilibrado, ou porque acredita que quem troca o faz realmente por necessidade e portanto merece um sacrifício ou porque vai aceitando as trocas até dar conta do resultado final e a verdade é que raramente uma troca beneficia os dois intervenientes. Depois, há os mais variados métodos usados pelos "trocadores activos", que vão desde a mentira até à pressão psicológica/emocional, passando pela chantagem e o "suborno". Há ainda outro aspecto das trocas que merece atenção e que é o mesmo direito de todos a um horário equilibrado, que por vezes é "esquecido" por quem faz o horário e frequentemente pelos "trocadores activos"; todos têm esse direito, independentemente de terem filhos, pais ou animais, independentemente de terem outro emprego ou ocupação, independentemente de serem novos ou velhos, gordos ou magros, solteiros ou casados, homens ou mulheres... Como facilmente se percebe, incluo-me no grupo dos "trocadores passivos", pelo que já perdi folgas porque o colega "precisava muito" e depois reparei que precisava muito para juntar uma folgas e tirar umas "mini-férias", já fiquei sem folga quase 2 semanas porque o colega "precisava de ir à santa terrinha" e afinal descobri que não foi e nunca teve intenções de ir, já fiquei praticamente com "horário fixo" (só manhãs) porque o colega tinha umas coisas importantes para fazer, podia ter dito logo que acumulava noutro sítio, já desmarquei encontros com amigos porque o colega precisava de cuidar de um familiar e afinal o familiar foi cuidado por alguém enquanto o colega foi a uma festa, já ganhei menos trabalhando mais porque o colega não podia fazer aquela noite e o verdadeiro motivo era porque a minha noite era mais rentável (e menos trabalhosa). Assim, decidi restringir ao máximo as minhas trocas para evitar desequilibrar o meu horário. Eu não trabalho em mais que um sítio nem tiro uma especialidade (também) para não perder tempo livre, tempo de qualidade em família, tempo de descanso, por isso, porque hei-de perder esse mesmo tempo de qualidade para que outros colegas possam ganhar mais algum dinheiro? Fico sem o tempo e sem o dinheiro! É certo que o saldo final de horas acaba por ser sempre o mesmo, mas num rápido raciocínio se percebe que o tempo livre é diferente (qualitativamente) conforme os turnos que trabalharmos.

11 novembro, 2009

(Des)ordem



...ser ordenado. Penso que a maioria dos enfermeiros espera mais do Ordem dos Enfermeiros (OE) do que aquilo que ela tem feito até hoje e parte deles não concorda com a sua existência que parece servir apenas para nos cobrar as quotas sem perdoar. Se por um lado também acho que a OE podia fazer mais pela enfermagem e pelos enfermeiros, por outro não pondero sequer a hipótese da sua extinção (e das respectivas quotas). Como se pode ler no Estatuto da Ordem dos Enfermeiros  "A Ordem goza de personalidade jurídica e é independente dos órgãos do Estado, sendo livre e autónoma no âmbito das suas atribuições" - aqui começa a nossa autonomia, os enfermeiros começam a auto-regular-se, tornam-se independentes dos órgãos do Estado. Continuando para (algumas das) suas atribuições:
-"Exercer jurisdição disciplinar sobre os enfermeiros"; assim, temos enfermeiros a avaliar enfermeiros e não somos regulados por outros profissionais.
-"Proteger o título e a profissão de enfermeiro, promovendo procedimento legal contra quem o use ou exerça a profissão ilegalmente"; um poder que a ser correctamente usado, puniria muitos AAM (entre outros profissionais)...
-"Contribuir, através da elaboração de estudos e formulação de propostas, para a definição da política da saúde"; um grande poder... subaproveitado ou não verdadeiramente atribuído;
-"Zelar pela função social, dignidade e prestígio da profissão de enfermeiro, promovendo a valorização profissional e científica dos seus membros"; upsss... aqui a OE falha um bocado (grande);
-"Promover a solidariedade entre os seus membros"; solidariedade entre enfermeiros?! yeah right...
-"Fomentar o desenvolvimento da formação e da investigação em enfermagem, pronunciar-se sobre os modelos de formação e a estrutura geral dos cursos de enfermagem"; quanto à investigação, já me pronunciei sobre o assunto, quanto aos cursos de enfermagem, tenho poucas dúvidas que será a área onde a intervenção da OE recolhe mais criticas.
Assim sendo, a importância da OE revela-se no mesmo sítio que os seus pontos fracos. Apesar de se ter assistido ultimamente a uma OE mais interventiva, mais mediática, espera-se mais, espera-se que usufrutue ao máximo dos seus direitos legais e que estes sejam vistos como deveres perante todos os enfermeiros deste país. Para finalizar, espero que a OE passe esta fase "inicial" onde apenas exerce o seu poder de acção disciplinar sobre os enfermeiros para os fazer cumprir os seus deveres, para se dirigir para uma OE que defenda todos os direitos dos enfermeiros, incluindo a "dignidade e prestígio" da  profissão que se manifesta também nos seus salários, nas suas regalias económicas, apesar de este ser um campo preferencial dos sindicatos (que actualmente parecem estar inertes). Concluindo, espera-se que a OE siga o exemplo de outras Ordens Profissionais mais "maduras" e evolua de uma imagem castigadora, para uma imagem protectora.

08 novembro, 2009

Ad libitum


...optimizar fraldas. Assisti recentemente a (mais) um episódio "daqueles"... Um médico, em plena enfermaria, em frente aos doentes, a ensinar enfermagem a enfermeiros, nomeadamente a explicar como fazer a drenagem postural de um membro, com todos os passos a dar, com as vantagens da técnica, a fisiologia envolvida, etc... e os enfermeiros atentos como se fosse uma grande novidade, uma aprendizagem de algo novo (seria?). Mais caricato ainda é que nesse grupo estavam presentes daqueles enfermeiros que no turno anterior tinham perdido largos minutos a discutir diagnósticos médicos, medicação prescrita e outros assuntos assuntos médicos mais, que para a prestação de cuidados de enfermagem nada importa (como de resto já é costume). Este foi só mais um episódio no meio de outros, que deviam deixar os enfermeiros a reflectir seriamente no assunto. Andam muitos enfermeiros preocupados que os AAM (ou AO) lhes possam usurpar a optimização da fralda e descuram áreas em que devíamos saber mais que ninguém, para que nenhum médico precisasse de ensinar mais enfermagem a enfermeiros. Eu sei que exige mais conhecimentos (científicos) optimizar uma drenagem postural de um membro que uma fralda ou travar/destravar um cadeirão, e se nós não formos capazes de preencher essa lacuna, os médicos estão prontos a isso e depois não se podem queixar de ver prescrições médicas como "aspirar secreções em SOS", "realizar cuidados de higiene à boca", ou "oferecer água"; se nós não soubermos praticar enfermagem alguém nos ensinará. Há um aspecto que temos no entanto de ter em atenção, que são os conhecimentos por trás das técnicas; temos de ter sólidas bases científicas de todas as técnicas que praticarmos, mais que o médico que nos quiser ensinar a praticar enfermagem. Nunca deveria ser o médico a sugerir a instalação de relógios e calendários nas enfermarias para ajudar os doentes na orientação temporal; reflectem os enfermeiros sobre a optimização das fraldas e da lavagem das costas ao "velhinho" em vez de reflectirem na manutenção do ambiente do doente? Até quando vamos deixar que retalhem a enfermagem e levem os pedaços a seu bel-prazer?

05 novembro, 2009

Entesar a Enfermagem


...fugir ás suas competências. A Ordem dos Enfermeiros determina como competência do enfermeiro de cuidados gerais o seguinte: "Valoriza a investigação como contributo para o desenvolvimento da enfermagem e como meio para o aperfeiçoamento dos padrões de cuidados" e ainda "Contribui para o desenvolvimento da prática de enfermagem". Agora eu pergunto, quantos trabalhos de investigação e teses (de mestrado e doutoramento) realmente contribuem significativamente para o desenvolvimento da ciência e da prática de enfermagem? Quantos enfermeiros não desenvolvem teses que roçando ao de leve a enfermagem acabam, por investigar as áreas de psicologia, direito, ética, sociologia,  entre outras? Se é verdade que a prática da enfermagem também engloba estas ciências, não é menos verdade que existem profissionais específicos das referidas áreas a desenvolver essas ciências e devíamos portanto desenvolver mais a ciência de enfermagem, como determina a OE. Sendo que a enfermagem tem um carácter muito prático, penso ainda que a investigação devia trazer melhorias ao nível da prática, devia produzir conhecimentos exclusivos dos enfermeiros, devia contribuir para a individualização e imprescindibilidade da enfermagem e dos enfermeiros, que é algo que tanto estamos a precisar e que é decisivo para a afirmação e a evolução da enfermagem portuguesa. Assim, por favor colegas, dirijam os vossos esforços neste sentido e deixem-se de investigar burnouts, crenças dos enfermeiros e afins... Investiguem aquilo que por serem enfermeiros só vocês podem investigar, só vocês conhecem, que diariamente dão conta que necessitava de ser investigado, de ser melhorado e que traria benefícios aos nossos clientes/utentes. Se não estão dispostos a tal então é melhor fazer como eu e não investir na área da investigação. Não invisto nesta área porque não é dado valor a esse investimento, um investimento pessoal de dinheiro, de tempo, de bastante de nós, que depois ninguém reconhece, que ninguém aproveita, ao contrário do que acontece noutras profissões.

31 outubro, 2009

Atchimmm!!!



...ser cobaia. Penso que seria inadmissível não dedicar um post à gripe A e à adesão (ou não) por parte dos enfermeiros à polémica Pandemrix, uma vez que até um "bastordinário" de uma Ordem que não a dos enfermeiros "mandou  bitaites" sobre o assunto (que não lhe dizia respeito). Em primeiro lugar, é preciso esclarecer que os enfermeiros não são considerados grupo prioritário por serem um grupo de risco pela maior probabilidade de contacto com o vírus, mas sim por serem necessário em caso de (verdadeira) pandemia, ou seja, não é para a sua protecção pessoal mas para a protecção da mão-de-obra; não querem saber dos nossos riscos laborais mas do nosso trabalho (barato), colegas desenganem-se! Podia dissertar sobre o verdadeiro risco da gripe A e os números da mortalidade, comparados com outras doenças, incluindo a gripe sazonal, mas penso que já serão do conhecimento geral. Passando então à Pandemrix, uma vacina comercializada pela GlaxoSmithKline, que misteriosamente deixou de poder ser consultada no site da mesma, não é considerada segura por todos os organismos. Segundo o Infarmed, foi "estabelecida a relação benefício-risco e o benefício foi considerado superior ao risco" pela Agência Europeia do Medicamento. Esta vacina não foi aprovada pelos Estados Unidos por conter substâncias na sua composição que podem alegadamente causar danos à saúde, a Suiça impõe restrições à toma da mesma e os políticos alemães optaram por tomar antes a Cevalpan (da Baxter) - será que os nosso estão a fazer o mesmo "ás escondidas"? Penso no entanto que a relutância dos enfermeiros não está tanto nos riscos conhecidos da vacina, pela sua constituição, mas como frisa Rui Nunes, porque "sabem que não há ainda resultados verdadeiramente sólidos que permitam determinar com clareza se a pessoa deve ser vacinada". Os enfermeiros sabem que o tempo que demora a desenvolver e comercializar qualquer medicamento é normalmente muito superior ao que foi despendido nestas vacinas. Os enfermeiros sabem que ainda decorre o período experimental das vacinas e que na verdade servirão de cobaias. Os enfermeiros sabem que se vão sujeitar aos riscos do tiomersal para que se possa utilizar o sistema da multidose e do escaleno para reduzir o tempo da cultura de vírus inactivos, para que a produção do medicamento satisfaça a procura em menos tempo de produção e aumente exponencialmente os lucros das respectivas farmacêuticas como se tem vindo a verificar (por exemplo, valores de 27 dólares em Março deste ano para 42 dólares actualmente, por acção da GSK) . Os enfermeiros sabem que são pressionados a correr estes riscos para diminuir os riscos de contágio da restante população. Os enfermeiros sabem, e Pedro Nunes, não sabe? Então a ignorância é dele! Pelos vistos os seus colegas também sabem e seguem o mesmo caminho dos enfermeiros e já agora, da maioria das restantes pessoas consideradas como grupos prioritário, incluindo os deputados. Eu pessoalmente, não estou disposto a servir de cobaia e arriscar a minha saúde pela saúde dos meus clientes/utentes/doentes - o meu altruísmo não chega a tanto e julgo ter tanto direito a uns dias "de baixa" com uma gripe como qualquer outro profissional (sarcasmo) e apenas pelo maior risco de contacto com o vírus e para evitar contagiar os meus familiares pondero correr os riscos e ser vacinado.

28 outubro, 2009

Trabalhar para aquecer



...trabalhar para ganhar dinheiro. Pelo menos eu trabalho para isso, mas há colegas que dizem trabalhar pelo doente. Será que se não lhe pagassem trabalhavam na mesma? É que doentes há sempre. Os "patrões" é que gostam de saber disto... se trabalham pelos doentes, damos-lhes doentes e não dinheiro, sempre sai (bem) mais barato. São os mesmos colegas que quando se fazem greves, não sabem o que são "cuidados mínimos" e acabam por fazer tudo na mesma (ainda que com menor número de enfermeiros) "porque o doente não tem culpa". Não sabem o que é uma greve; quem querem "que pague"? Os ministros?! Esses nunca sofrem com nenhuma greve, quem tem de sofrer são os clientes, são os eleitores que os elegeram. Pela mesma ordem de ideias, não existiam greves nenhumas, porque a culpa é sempre dos patrões e não dos clientes, mas têm de ser estes a sofrer, a queixarem-se, a fazerem-se ouvir aos patrões; os professores não faziam greve porque nem os alunos nem os pais têm culpa. É mais uma arma que os enfermeiros não sabem aproveitar. Não me canso de repetir que praticar enfermagem (já) não é praticar caridade. É uma profissão que deve ser encarada como qualquer outra, sem necessidades de vocações, mas com necessidade de ciência, de remuneração, com clientes, com horários. Não aceito quando me dizem que ser enfermeiro é algo mais que uma profissão (à qual nos podemos dedicar mais ou menos, como qualquer outra). É só uma profissão e mesmo assim, uma profissão cada vez pior... pior remunerada, com pior visibilidade/respeito, com piores condições de trabalho e estou convicto que a culpa disto é só de quem a pratica.

22 outubro, 2009

O bom, o mau e o vilão



...ser bom. Normalmente os profissionais ficam contentes quando as pessoas os elogiam como sendo "bons profissionais". Vamos ver o que acontece na Enfermagem: o cliente/doente diz-nos (geralmente) que somos bons enfermeiros quando fazemos mais que o nosso dever, quando executamos uma tarefa que seria de outro profissional menos diferenciado (AAM, telefonista, esteticista, empregado de limpeza, moço de recados...); o familiar diz-nos que somos bons enfermeiros quando também fazemos tarefas que não nos competem ou quando quebramos as regras institucionais. Não nos elogiam por cumprir rigorosamente e com profissionalismo as  nossas tarefas... "isso é obrigação dele", "é para isso que lhe pagam"... Já um médico que seja competente, é um excelente profissional... "podia não ser, mas ele é muito bom médico" (ser competente é uma mais valia e não uma obrigação, aqui já não "é para isso que lhe pagam").
Para quem nos avalia (enfermeiros chefe), ser bom enfermeiro é gastar pouco material, trabalhar por 2 ou 3 e manter os doentes e familiares sempre satisfeitos (independentemente das exigências). Para os médicos, ser bom enfermeiro é ser subalterno e servir de empregado. Para os AAM, ser bom enfermeiro é não lhes delegar nenhuma tarefa. Para os colegas, ser bom enfermeiro é fazer as trocas de horário que eles precisam, não deixar nenhum trabalho para o turno seguinte e pedir pouca colaboração.
Depois do exposto, só posso concluir que eu não quero ser bom enfermeiro, eu quero ser é um enfermeiro competente (como "eles" dizem... "é para isso que me pagam").

18 outubro, 2009

Pontos de vista



...ser autodida(c)ta. Pela razão expressa no anterior post, recorri ao material de estudo que tinha guardado (há uns anos) de Pediatria, para esclarecer dúvidas de pai. A questão é que fiquei na mesma. Não me esclareceu nem uma; o Google, que teimosamente me "envia" para sites brasileiros, provou ser  uma ferramenta bem mais útil. Que conclusões posso eu tirar daqui? No curso, não me transmitiram nenhum conhecimento verdadeiramente útil na área de pediatria; muita patologia, teoria sobre coisas incomuns e nada sobre coisas mais comuns e práticas, que possa transmitir à maioria dos pais (essa não é função nossa?). Felizmente a maioria dos colegas do serviço de obstetrícia (Hospital S. João), demonstraram ter alguns desses conhecimentos, adquiridos quase de certeza por iniciativa própria, com formações pagas a posteriori, ou mesmo no já referido popular motor de busca, que transmitindo aos pais, demonstravam ter (enaltecendo a profissão), ficando então uma nota positiva para eles. No outro lado da balança, está a equipa médica, que por várias razões (sempre as mesmas) fica com nota negativa. Para finalizar vou "deitar uma acha na fogueira" (para esta não se apagar): como não podia deixar de ser, o facto de ser enfermeiro, fez com que recebesse "um tratamento" diferente por parte dos colegas no hospital... note-se que o diferente, aqui, significa PIOR. Com amigos assim, quem precisa de inimigos?

15 outubro, 2009

Chegou o Pedro

...ser pai. Não percebo quem diz que (ainda) não quer filhos porque quer aproveitar mais um pouco a vida... ser pai/mãe não é aproveitar a vida? O nascimento de um filho é o verdadeiro milagre da vida, dá um novo sentido sentido à nossa vida. Ser pai/mãe é uma coisa tão boa que deve ser aproveitada ao máximo. Eu penso que eu é que estou a aproveitar a vida mais cedo, ou como diz o meu grande amigo "um passo à frente". Ouvem-se todo o tipo de desculpas, desde questões económicas a profissionais, mas o que eu penso é que na verdade as pessoas não estão preparadas para deixar que a coisa mais importante no mundo deixe de ser elas próprias, para passar a ser uma outra pessoa, um filho. Haverá certamente momentos em que vou questionar esta convicção, mas nesses momentos, bastará recordar-me daquele primeiro olhar, que num instante me percorreu o âmago, deixando-me sem fôlego e com as lágrimas a escorrer teimosamente pela face. É pequenino, mas faz-nos sentir ainda mais pequeninos que ele...

13 outubro, 2009



...divulgar uma informação a pedido da organização: nos dias 3, 4 e 5 de Dezembro vai ter lugar o Congresso Nacional de Enfermagem de Reabilitação da APER 2009, em Espinho, para mais informações clicar aqui. Aproveitemos enquanto esta importante valência da Enfermagem não é completamente "roubada" pelos fisioterapeutas, médicos de medicina física de reabilitação e sabe-se lá quem mais. Os colegas especialistas de reabilitação que façam uso dos seus conhecimentos, para com a sua prática dar visibilidade à enfermagem, o que é fácil num campo com resultados tangíveis e a que a população atribui muita importância; não se deixem cair, portanto, em trabalhos secundários de secretariado/gestão, como infelizmente se vai vendo por aí.

11 outubro, 2009

No poupar é que está o ganho (?!)



...ser poupadinho. Esta é mais uma "daquelas coisas" que me deixa abismado com a estupidez, a tacanhez, a falta de visão que está embrenhada nos enfermeiros. Qual é o aluno que nunca foi aconselhado a "poupar material" pelo seu "enfermeiro orientador/supervisor", ou o enfermeiro que não recebeu o mesmo "conselho" da parte do seu chefe? Chega-se ao ridículo de usar agulhas de calibres menores para poder poupar uns cêntimos por caixa (quando não são até ao mesmo preço), ou de cortar compressas (ao meio ou até em quatro) para não gastar tantas; estão de olho na quantidade de adesivo ou de ligaduras que gastamos num penso e somos repreendidos se utilizarmos p.e. um frasco de soro de 1000ml quando um de 500ml podia ser suficiente. Que bom sermos assim poupados, pois conseguimos poupar aos contribuintes (ou nas EPE's, directamente ao hospital) uns cêntimos ao fim do dia, o que se transforma em meia dúzia de euros ao fim do mês, e para quê? Para em seguida vir um médico requisitar uma TAC, RMN ou outro exame ainda mais caro, num doente que até nem precisava, mas o médico decidiu pedir porque sim, por curiosidade (quem nunca assistiu a episódios destes?) e gasta num instante umas centenas de euros, que os enfermeiros vão poupar nalguns anos; isto é, no entanto, só um exemplo no meio de muitos outros de grandes gastos desnecessários, como doentes a fazer antibióticos (que até são por norma, baratinhos!) porque se esqueceram de suspender a prescrição. Pior que isso é que são os mesmos enfermeiros que poupam nas agulhas e nas compressas que depois vão fazer pensos antes da data aconselhada pelo fabricante do produto aplicado no penso "só para ver como está", ou que fazem pensos onde gastam dezenas de euros, num doente em fase terminal, não como medida de conforto, mas porque é assim que fazem sempre e não se sabem adequar ao contexto do doente. Deve ser por sermos os profissionais de saúde mais poupadinhos que somos tão bem remunerados... ou será que a nossa "excelente" remuneração é o reflexo da referida estupidez/tacanhez que nunca deixa de marcar presença na nossa classe?

07 outubro, 2009

Poker face


...ser (demasiado) simpático. Numa tentativa de alterar a imagem social dos enfermeiros de "maus e antipáticos" ou apenas por uma questão de personalidade individual, muitos enfermeiros iniciam a sua vida profissional com um sorriso nos lábios e é assim que cuidam dos doentes até porque foi assim que os ensinaram que devia ser, um grande erro frequente das escolas a meu ver - não distinguem empatia (capacidade importante no exercício da profissão) de simpatia (de forma alguma requisito obrigatório). A principio é bom receber elogios dos doentes de que somos "O Mr. Simpatia do sitio", mas depois apercebemo-nos que logo a seguir ao elogio vem um pedido descabido ou abusador, seguido de outro ainda pior e começamos a ver que as pessoas têm tendência para confundir simpatia com ingenuidade e subserviência. Com os colegas passa-se algo parecido, e se somos simpáticos abusam também de nós; se proferimos um simpático "bom dia" com boa disposição, somos logo brindados com um "bom dia só se for para ti"; se trabalhamos com boa disposição ouvimos logo comentários de que "é porque tiveste pouco trabalho, senão não estavas tão bem disposto"; não conseguem entender as vantagens de trabalhar com boa disposição, com bom ambiente. É "engraçado" como a simpatia e a boa disposição são confundidas com tanta coisa má. É por isso que decidi começar a trabalhar com cara de Mona Lisa ou mais na moda, com Poker face. Concluindo, ser antipático (ou "não-simpático") não é pré-requisito para ser enfermeiro, as pessoas à nossa volta é que o exigem/provocam.

05 outubro, 2009

Liberdade e Responsabilidade




...viver/trabalhar em contradições. Uma delas, foi estudada nas saudosas aulas de filosofia do secundário. Ensinaram-me nessa altura que a liberdade e a responsabilidade estão tão ligadas na medida em que só somos realmente livres se formos responsáveis, e só podemos ser responsáveis se formos livres. Chegado ao curso de Enfermagem, ensinam-me que em Enfermagem isto não é válido. Tomando por exemplo a prescrição terapêutica: o médico é livre de a prescrever, o enfermeiro não é, e cabe-lhe administrar; se "a coisa" correr mal, a responsabilidade é do médico e do enfermeiro; sim, eu sei que o enfermeiro "é livre" de administrar ou não, mas tem conhecimentos suficientes para decidir (ou prescrever) a administração ou não do fármaco X à pessoa Y? Se tem, porque não é livre de prescrever? Outro: Se não houver médico, o enfermeiro é responsável pela decisão de administração (i.e. prescrição) de medicação numa situação de urgência/risco de vida; tem conhecimentos para isso? se tem porque precisa de prescrição médica na presença deste? Só mais um: o assistente operacional leva o doente ao chuveiro e queima-o com água demasiado quente; sendo que o enfermeiro não tomou a decisão da regulação da temperatura da água (pois não é preciso ser licenciado nem perto disso para regular uma adequada temperatura para o banho), porque é responsável por este erro (ou má intenção)? Generalizando, o enfermeiro tem muita pouca liberdade na tomada de decisões do seu exercício diário, mas sempre que as coisas correm mal (nunca quando correm bem), a responsabilidade cai (quase) sempre sobre este (muitas das vezes com uma ajudinha da Ordem dos Enfermeiros nesse sentido).

01 outubro, 2009

Desistir para vencer



...desistir da causa. Parece estar cada vez mais iminente o instante em que o receio de mudar, de alterar os planos de futuro que pareciam estar já consolidados, o medo de assumir o risco e a preocupação de desperdiçar precioso tempo da minha vida, será suplantado pelo sonho em espera, pelo futuro promissor, pela muito provável melhoria de qualidade de vida e pela hipótese de realização profissional e sobretudo pessoal. "Ajudado" em grande parte pelo Eng.(?) Sócrates (herói nacional reeleito) e seus leais súbditos, mas também por quem tem o poder de fazer algo contra mas parece estar em estado vegetativo, que têm inferiorizado a enfermagem ao limite do ridículo e levado os enfermeiros ao desânimo total. Assim sendo, e se nada posso contra eles, mas também a eles não me quero juntar, só me resta desistir, ou melhor, lutar por outra vida, por outra profissão que me faça chegar ao fim do dia com um sentimento de plenitude mínima e de ânimo para o dia seguinte. Estando ainda não negociadas por completo as negociações da nossa carreira, mas a realizar-se o cenário mais provável, tomarei a médio prazo uma daquelas decisões da nossa vida, que por serem tão importantes também são tão difíceis. A ver vamos o que o futuro (pouco promissor) nos reserva.

25 setembro, 2009

Contra (in)formação



...pagar para trabalhar melhor. Verifica-se uma febre geral na enfermagem pelos "cursilhos de formação" que a ser contagiosa pareço estar imune. Para que servem afinal estes cursos? Na sua maioria para nada, pois (in)formam os enfermeiros sobre coisas que nunca vão exercer, que nunca lhe vão ser úteis ou que não têm autonomia para exercer, pelo que rapidamente passarão à sua zona de "reciclagem cerebral". Há no entanto alguns cursos de formação mais pertinentes (geralmente de carácter mais prático), sendo por norma (ainda) mais caros que os anteriores. E então, pergunto eu (sou uma pessoa cheia de questões): quem beneficia com esta formação, com a melhoria dos cuidados por mim prestados? A instituição em que trabalho, ou, em última instância os clientes da mesma, os doentes. Assim sendo, porque tenho eu de pagar essa mesma formação a somar ao tempo e neurónios gastos? O mesmo se aplica ás especialidades, que a par de outros países deveria dar direito a dispensa total de serviço, mantendo a remuneração e com posterior obrigação de permanência na instituição durante um período de tempo pré-acordado. Melhor ainda são os "posters e comunicações livres que contam para o currículo"... qual currículo? isto é mesmo ridículo (ou eu não estou a ver bem a coisa).

19 setembro, 2009

Apanha que é ladrão!!!



...ver as suas funções serem usurpadas por todos e mais alguém. Vêm os farmacêuticos e ficam com a administração de injectáveis; vêm os TAE's e pretendem roubar-nos a emergência pré-hospitalar; vejo cada vez mais médicos a quererem aprender connosco técnicas de enfermagem como a colheita de sangue venoso, aspiração de secreções, entre outras e posteriormente a exexcutarem-nas, e pelo que ouvi dizer até já têm no curso uma cadeira de "técnicas de enfermagem" (isto não é ilegal?); vêm técnicos de tudo e mais alguma como os técnicos de colheitas de sangue ficar com funções nossas; Vêm fisioterapeutas e médicos de MFR roubar a reabilitação aos nossos especialistas; ultimamente assistimos ao aparecimento das doulas para ficar com funções também anteriormente nossas; entre outros muitos mais exemplos. Só não vejo no horizonte das possibilidades nenhum técnico de mudança de fralda, pelo que os enfermeiros terão grandes possibilidades de se tornarem os técnicos especializados na "optimização da fralda". O que eu pergunto é porque acontece isto? Na minha opinião, em primeiro lugar, porque a enfermagem abrange tantos campos de actuação que não nos conseguimos tornar "especialistas" em nenhuma campo específico, não conseguimos ser insubstituíveis em nada, o que é muito perigoso para uma profissão. Em segundo lugar, porque, começando na nossa Ordem e terminando nos próprios profissionais, só vejo preocupação que os AAM (ou AO) não usurpem funções como "levar a comida à boca do doente" ou "lavar as costas do doente no chuveiro" (a "optimização da fralda" nem os AAM querem), as outras funções, mais complexas, mais diferenciadas, com mais visibilidade mas também responsabilidade estão à disposição de quem as quiser roubar e até somos nós que lhes ensinamos as técnicas (pela ambição de mais "meia dúzia de tostões"). Quando daremos conta que nos vendemos a nós próprios?

17 setembro, 2009

Táxi!


...detestar taxistas. Generalizando mais uma vez (até porque conheço taxistas que são boas pessoas), não gosto nada destes profissionais, que se acham "os reis da estrada", sempre com a mão na buzina, mas cometendo erros de condução frequentemente. Se há coisa que não percebo são as regalias dadas a esta classe profissional. Em primeiro lugar, o táxi é um transporte público que poucos benefícios traz para a (maioria da) população, pois a capacidade de transporte é a mesma dos carros próprios, ou ainda menor, tendo em conta que com o táxista, é menos um lugar disponível; pelos preços praticados é um meio de transporte acessível a poucos, e há ainda a acrescentar a fama de burlões de turistas; a poluição de um táxi é superior à de uma viatura própria, pois para levar e mais tarde trazer um passageiro, um táxi efectua 4 viagens, ao invés das 2 viagens que uma viatura própria realizaria, com a agravante da grande maioria dos táxis serem muito poluentes, pela alta cilindrada, pela idade do veículo, quilometragem e estilo condução normal dos táxistas. Assim sendo, expliquem-me (como se fosse um miúdo de 10 anos) porque é que os táxistas têm ajuda financeira na compra dos táxis - os enfermeiros têm alguma ajuda de custo na compra do material que necessitam para trabalhar ou para a compra de carro para ir trabalhar ou bilhete de transporte público? Porque é que os táxistas têm direito a circular nas vias reservadas para transportes públicos - quem tem dinheiro para pagar o táxi passa à frente dos outros? Andar de táxi é uma regalia! E estes senhores ainda estão sempre a exigir mais ajudas financeiras, como um preço reduzido nos combustíveis, como se os táxis dessem uma grande contribuição para o desenvolvimento do país. Qualquer dia ainda lhes é atribuído o subsídio de risco (aquele que os enfermeiros inexplicavelmente não têm).

15 setembro, 2009

One in a million


...ser um dos poucos homens no meio das mulheres. Muitos dirão que tem muitas vantagens, eu digo que tem mais desvantagens. São as próprias mulheres que assumem que trabalhar com (muitas) mulheres é pior do que trabalhar com homens. O ambiente de trabalho é completamente diferente, muitas intrigas, muitas "conversas pelas costas", muita falsidade e muita complicação. Quando eu digo algo, era isso mesmo que eu queria dizer, não me perguntem "o que quero dizer com isso"... os homens (em geral) são directos e não dizem as coisas "com segundas intenções", ao contrário das mulheres, coisa que me irrita... se querem dizer alguma coisa, digam directamente. Senhoras, boa disposição no trabalho não é mau! Já que passamos/desperdiçamos tantas horas no trabalho, não criem "mau ambiente"...

14 setembro, 2009

1000 !!!



...chegar inesperadamente aos 1000 visitantes ao fim de pouco tempo. Um agradecimento a todos eles e em particular aos que comungando ou discordando das minhas opiniões deixam os seus comentários/opiniões pessoais. Para vocês, uma nova imagem do blog e uma promessa de mais posts sinceros, directos e destemidos.

10 setembro, 2009

As aparências iludem



...ser picuínhas (ou não). Todos os dias assisto a uma preocupação dos meus colegas com picuinhices, como se se tratassem de coisas exactas e rigorosas, como seja o registo de sinais vitais; se avaliarem uma segunda vez, com esfigmomanómetro automático ou manual, será que vão voltar a obter uma TA de 123/52 mm/Hg? Então porquê insistir em registar escrupulosamente os 123/45 e criticar quem regista antes 120/50? Uma colheita/junção de urina de 24h que iniciou ás 7:12h, não tem de terminar necessariamente ás 7:12h do dia seguinte, ou conseguem contabilizar a urina presente na bexiga no início e no final? Uma toma de antibiótico prescrito para as 23h não pode ser administrada ás 22h ("os antibióticos têm de ser à hora certa"), apesar da toma anterior (das 15h) ter sido ás 14h. A enfermagem parece no entanto ser feita destas picuinhices, de uma preocupação com "os adesivos, que têm uma ponta descolada" ou com "a dobra do lençol que está mal feita" e é refeita para no momento seguinte o doente voltar a desfazer porque se sente mais confortável assim. Será a enfermagem feita de aparências?

08 setembro, 2009

Não há bem que sempre dure


...ouvir falar nas depressões de fim de Verão por causa do fim das férias/regresso ao trabalho. Aqui está uma coisa que não incomoda os enfermeiros, pois como não podemos ir todos de férias nesta altura, os que conseguem ir, têm tão poucos dias de férias (dado que precisa de ser dividido pelo maior número de pessoas possível) que não chega para se "habituarem a não trabalhar" e há outros desgraçados, que nem uns dias conseguem tirar nesta altura, sobrando-lhes períodos de férias sem interesse nenhum ( e isto é se os dias que lhe sobraram não forem cancelados por causa da gripe A). Afinal de contas, ser enfermeiro tem algumas vantagens...

02 setembro, 2009

Os maus da fita



...ter paciência de santo. Antes de começar a trabalhar, perguntava-me porque é que os enfermeiros tinham tanta fama de serem "maus, frios e insensíveis". Depois reparei que isso acontecia mais nos enfermeiros mais velhos que nos enfermeiros mais novos - "bem, pelo menos a nova geração é diferente e a fama vai mudar".

Quando comecei a trabalhar compreendi tudo; vou descrever um episódio/discurso entre um doente e um enfermeiro:
-Abra-me a janela (quero, posso e mando!).
-Abro então esta parte de baixo.
-Não, abra a de cima!
-Pronto, já está a janela aberta.
-Toda não, feche metade.
-Está metade fechada.
-A outra metade!
-Já está...
-Não, abra antes a parte de baixo.
-Isso era o que eu tinha sugerido no início... pronto, está aberta.
O enfermeiro vira costas para ir embora e...
-Afinal, não quero a janela aberta!

Este episódio que recordado tem piada, na altura "tira a paciência a um santo", e assim, entre outros episódios semelhantes e mais factores condicionantes que vão sendo postados aqui no blog, qualquer enfermeiro "bom, carinhoso e sensível" muda com o decorrer dos anos, até mesmo para aqueles que exercem enfermagem por vocação, caridade, ou que lhe queiram chamar, grupo no qual obviamente não me insiro, mas garanto que tenho "paciência de santo" e alguns doentes a conseguem esgotar com relativa facilidade.

27 agosto, 2009

Ciganos


...não gostar de ciganos. Correndo o risco de ser acusado de xenofobia e de generalização abusiva, venho por este meio manifestar o meu desagrado para com esta etnia. Os ciganos são um caso excepcional pois só possuem direitos e nenhum dever, pelo menos na "nossa sociedade", pois como eles dizem, "só obedecem ás suas próprias regras". Assim sendo, não têm o dever de pagar impostos, multas, seguros, nem de respeitar os demais; pelo contrário, têm de ter sempre prioridade no atendimento e tudo tem de ser feito à sua vontade e medida. Eu tenho de ter um cartão identificativo para entrar (e sair) do hospital; os ciganos entram e saem livremente, pois ninguém lhes barra a entrada por medo de serem depois abordados na rua por um verdadeiro exército de Ford's Transit brancas de onde sai quase uma centena de ciganos (de cada carrinha). Não têm de pagar impostos, pois isso não faz parte "das regras deles"; mas exigem casas novas (e gratuitas) porque o plasma ou o LCD (com respectiva TV Cabo e Sport TV) não lhe cabe na barraca e não têm garagem para guardar o Mercedes. Alguma vez viram um cigano sem-abrigo? Eu não. Se um turista estaciona a autocaravana num parque público durante a noite, é multado; os ciganos montam verdadeiras aldeias em qualquer sítio (incluindo os jardins dos hospitais) e "ninguém vê", ainda que destruam muitas das coisas que estiverem por perto e deixem uma verdadeira lixeira quando abandonam o lugar. Se não querem viver segundo as "nossas" regras sociais, então não usufruam das "nossas" regalias sociais. E depois ainda falam em abordagens multiculturais à pessoa...

24 agosto, 2009

À vontade do freguês

...trabalhar com o doente (e não para o doente). Os enfermeiros tendem a passar os limites daquilo que são cuidados de enfermagem para aquilo que é trabalho de criado. Isto acontece, para além de outras razões, porque os limites entre os dois campos não estão bem definidos. Alguns dirão: "o enfermeiro deve ajudar o doente nas tarefas que o mesmo não consegue ou não tem motivação para realizar"; então eu pergunto: e se o doente costumava usar um leque para se refrescar mas agora não consegue? será que o enfermeiro, tendo disponibilidade, deve ficar ali a abanar o leque para o doente? Qualquer doente dirá "sim!", eu próprio (no papel de doente) diria, afinal de contas, de criados (quase?) toda a gente gosta. A grande maioria dos chefes dirá: "sim, devemos fazer o doente sentir-se em casa", mas será que devemos cuidar do doente como estando num hospital (ou outra instituição de saúde) ou como se estivesse em casa? Será que isso não é fazer papel de servo? Onde terminam os direitos do doente e começam os meus? Como será de esperar, a imagem o enfermeiro pouco tem a ganhar com uma mistura com a imagem do criado, servo, escravo (diria até). Então insisto, será que só por ter disponibilidade, o enfermeiro deve satisfazer "todas as vontades" do doente?

19 agosto, 2009

Notas soltas


...escrever e falar demais (ou não). Estou-me a referir respectivamente aos registos de enfermagem e à passagem de turno. O que me leva a postar sobre este assunto são todas as vezes que saí atrasado porque os meus colegas (sobretudo do género feminino) decidem relatar o que todos os doentes fizeram desde o início ao fim do turno (com ou sem relevância para os cuidados e sua continuidade), e mais grave ainda, quando o fazem lendo os registos escritos que previamente redigiram. Não sabem que a passagem de turno deve complementar a informação escrita, o que nos leva a outro ponto - nem tudo deve ficar escrito em notas de enfermagem (algumas das coisas serão transmitidas via oral), mas apenas os factos essenciais, significativos e pertinentes, de forma clara, precisa e concisa, o que raramente se verifica. O objectivo dos registos de enfermagem é assegurar a continuidade de cuidados, estabelecer um meio de comunicação entre os membros da equipa de saúde, contribuir para a avaliação da qualidade e eficiência dos cuidados e ainda constituir um suporte legal para a nossa actuação. Pergunto então eu, qual o objectivo de descrever o que o doente não tem? "Não tem cefaleias, nem mialgias, nem sialorreia, nem teve dejecções..." Se nalguns raros casos dizer se pode justificar a referência a algo "que o doente não tem" ou "que não se passou", na grande maioria das vezes, o que deve ser referido é o que se passou, "o que o doente teve", "o que eu fiz", "o que precisa de ser feito" para assegurar a continuidade dos cuidados, as alterações dignas de registo. Se houve algum problema que até foi resolvido entretanto, não é preciso (geralmente) descrever todos os passos dados para a sua resolução, a menos que isso constitua uma oportunidade de formação em serviço/em situação, obviamente. Caros(as) colegas, eu não quero saber se o doente esteve a ver o programa do Goucha ou do João Baião, se quiserem podem-me dizer que esteve a ver TV e chega! Também não há necessidade de repetir registos; se já registaram a terapêutica em folha própria (ou electronicamente) para quê repetir o registo (e isto inclui soroterapia)?

16 agosto, 2009

Enfermagem assistida


...não concordar com a existência de auxiliares de acção médica, ou, actualizando o termo, assistentes operacionais (AO). Se o jardineiro lá do hospital tem formação na sua área, o mesmo se passando com os funcionários de limpeza, como é que pode haver profissionais em contacto directo com o doente sem formação específica? A solução para este problema é atribuír a supervisão do trabalho dos AO aos enfermeiros; assim, o enfermeiro que executa as suas funções definidas e pelas quais é responsável, tem de assumir ainda a responsabilidade pelas funções exercidas por outro profissional. Sou só eu que vejo aqui um grande problema, uma vez que os enfermeiros não são omnipresentes? É assim natural que muitas vezes (sempre que possível) o enfermeiro prefira fazer ele próprio as coisas, do que solicitar a alguém que, não sendo responsável pelo que faz e não tendo formação para tal, poderá fazer asneira. É neste sentido que defendo a substituição dos AO pelos auxiliares de enfermagem, profissionais que quando solicitada a sua colaboração, se saiba que têm formação nesses sentido, podendo transmitir confiança e que sejam responsáveis pelas suas acções (previamente definidas). Até à criação dos mesmos, não vejo porque se critica as contas feitas pela Ordem dos Enfermeiros ao equiparar os rácios enfermeiros/utentes de Portugal com os dos países onde se aplica enfermeiros+auxiliares de enfermagem/utentes; afinal de contas, em Portugal não são os enfermeiros que fazem o trabalho dos auxiliares de enfermagem de outros países?

13 agosto, 2009

Trabalho de licenciado


... ouvir quase todos os dias o comentário: "eu não queria ser enfermeiro(a), eu sei que são precisos e ainda bem que há quem queira ser, mas eu não conseguia, é preciso gostar muito..."


Quais são as ilações que eu tiro destes comentários frequentes?


Porque é que as pessoas não querem ser enfermeiro(a)s? Se em tempos idos era por "falta de coragem para ver sangue ou picar pessoas", hoje é por "não terem coragem para tomar conta das pessoas dependentes, mudar-lhe a fralda, dar-lhe de comer, ser maltratado e responder com um sorriso". Os enfermeiros deixaram de ser "os das picas" para passarem a ser "os das fraldas" (ou outra coisa menos bonita, que não vou aqui dizer). A enfermagem passou a ser vista como uma profissão suja; que dignificação pode daqui advir para a imagem dos enfermeiros? De quem é a culpa desta mudança? Não será dos enfermeiros que começaram a achar que deviam ser menos tecnicistas (e até deixaram ir "as picas" para os farmacêuticos), para serem mais "humanistas" e se especializarem em técnicas como a "mudança da fralda" ou o "levar a comida á boca do velhinho"? Dos enfermeiros que pedem aos familiares para sair da enfermaria para "mudarem as fraldas"? Não ficarei surpreendido se/quando assistir ao aparecimento da "especialidade em mudança de fraldas" ou "mestrado em cuidados de higiene no chuveiro". Será isto o cerne da enfermagem? Será que é necessário um profissional licenciado para mudar uma fralda, levar a comida á boca ou levar ao chuveiro QUALQUER doente? Para terminar, porque é preciso gostar de ser enfermeiro para se ser "bom enfermeiro" e não é preciso gostar para se ser bom professor? Somos uma profissão baseada na ciência ou nos sentimentos?

11 agosto, 2009

Karting




...fazer uma tarde de karting com um amigo e reparar na curiosa semelhança entre o karting e a enfermagem: em ambos parece que atingimos altas velocidades, faz-nos sentir a adrenalina a correr, mas na verdade a velocidade não é tanta quanto isso; se conseguirmos melhorar um pouquinho (no tempo de volta) ficamos todos contentes; andamos andamos sempre ás voltas e acabamos por nunca sair do mesmo sítio; se tentamos ir um pouco mais depressa que o que devemos, vamos contra as protecções e acabamos por nos atrasar, se vamos mais devagar, levamos uma pancada do colega que vem atrás, e por fim, quando terminamos, estamos cansados e com mialgias. A enfermagem só ainda não se paga para praticar, embora esteja a caminhar para isso, havendo já quem pratique de graça. A maior diferença é que quem for mesmo bom no karting pode chegar ao sucesso e na enfermagem o mesmo não acontece.

07 agosto, 2009

O melhor do mundo


...conhecer crianças que não o podem ser, têm de crescer demasiado rápido, porque uma doença, tão cruel que não cabe nos seus inocentes pensamentos levou a mãe e o pai alcoólico nunca será um pai para elas e os irmãos que acabam por ficar ao seu cuidado. Ser enfermeiro é conhecer outras crianças que não vão ter tempo de crescer, porque a doença com a qual começavam a aprender a viver, lhes roubou a vida e partiram deste mundo que mal conheciam, mas permanecem sempre nos pensamentos dos enfermeiros que inevitavelmente a eles se afeiçoam, povoando os seus pesadelos quando dormem, mas também quando ficam acordados a tentar não pensar no trabalho, que ficou no hospital (?). Não é dificil perceber porque a enfermagem é uma das classes com maior risco de suicídio dos profissionais.

06 agosto, 2009

Roullement



...pôr a pé ás 7h, trabalhar até ás 16h, dormir um pouco e voltar a trabalhar das 22h até ás 8h, dormir de dia e mais um pouco durante a noite, para no dia seguinte voltar a trabalhar das 15h até ás 23h, chegar a casa e dormir o pouco tempo que resta, para no dia seguinte trabalhar de novo das 7h ás 16h, dormir durante o dia para voltar a trabalhar das 22h até ás 8h. A semana acabou... o que vivi nesta semana? Nada... só trabalho. Enfermagem, profissão de desgaste rápido? Só para quem a exerce, não para quem legisla.

05 agosto, 2009

"Ser ou não ser, eis a questão"



...começar um blog por incentivo de um amigo, desenvolvê-lo por curiosidade e terminá-lo quando simplesmente me apetecer. Assim surge mais um blog, como sempre, mais interessante para quem o elabora do que para quem o visita. Falar-se-á de enfermagem, sempre de um ponto de vista muito pessoal e de coisas pessoais (quase) sempre com o toque da enfermagem. Aos poucos se vai construindo uma definição de um enfermeiro em particular e do actual contexto da enfermagem em geral.