27 março, 2010

Cipes, sapes e cepos


...cipar. Mais uma vez queremos ser inovadores mas nem conseguimos aprender com os erros dos outros. Não querendo discutir os prós e os contras da CIPE (Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem), que (quase) todos já devemos ter ouvido, pergunto só porque insistem os enfermeiros em criar uma linguagem comum à enfermagem mundial, em vez de apostarem numa linguagem científica que seja comum a todos os profissionais da equipa de saúde, com quem interagimos, de acordo com a Língua nacional, para não andarmos com "rigorosas" traduções da "linguagem comum à enfermagem" para ficarmos com termos que em português correcto/corrente são ridículos. De que adianta falar se ninguém nos entende? Para piorar o cenário, decidiram, criar o SAPE (Sistema de Apoio à Prática de Enfermagem), visando a informatização dos registos de enfermagem com base no cipês (deviam dar formação aos enfermeiros sobre esta nova "Língua" estranha). Para além de se basear em, algo mau à partida, foi um programa mal desenvolvido com erros grosseiros.  Quem trabalha/trabalhou com o mesmo, sabe do que vou falar, como seja o mau interface do programa, que demonstra um total desconhecimento de HCI (Human–computer interaction) por parte de quem o desenvolveu. Os cuidados de enfermagem são tratados com sendo estanques, absolutamente padronizados e não como individualizados para cada doente. Outro exemplo são (a meu ver) as intervenções "vigiar" - pergunto eu se o enfermeiro não vigia tudo nos doentes, e assim teria de seleccionar todas estas intervenções. Penso que os cuidados de enfermagem são demasiado complexos para poderem ser padronizados desta forma, "tabelados", inseridos numa espécie de totoloto, de escolha múltipla. Podia expor muitos exemplos mais específicos das deficiências e dos erros, mas deixo isso para os comentários de quem também lida diariamente com o programa. Concordo com a informatização dos registos de enfermagem e admito que traz muitas vantagens, sobretudo a nível de outputs, mas não assim, como se tivesse sido desenvolvido por cepos.

25 março, 2010

1º Encontro de Enfermagem da Unidade de Saúde Setentrional


...divulgar a pedido da comissão organizadora, o 1º Encontro de Enfermagem da Unidade de Saúde Setentrional, subordinado ao tema “Cuidar no Século XXI”, que vai decorrer na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa, nos dias 22, 23 e 24 de Abril de 2010.
Este Encontro, tem como objectivos dar a conhecer o trabalho desenvolvido na Unidade de Saúde Setentrional, na área da Enfermagem, e contará com a participação de enfermeiros do CHLN (Hospital de Santa Maria e Hospital Pulido Valente) e dos Centros de Saúde da sua área de referência (Alvalade, Benfica, Loures, Lumiar, Odivelas e Pontinha).
Neste encontro serão debatidos temas da actualidade, nomeadamente:
• A Enfermagem na Unidade de Saúde Setentrional
• Uma sociedade multicultural: novas realidades, novas práticas
• Perspectivar os cuidados com base nas vivências dos doentes/famílias
• Quem cuida de nós
• Reflectindo sobre a prática
• Gestão da doença crónica
• Continuidade no cuidar
• Da Informação à Comunicação
E, serão também ministrados os seguintes cursos:
• Básico de Suporte de Vida/DAE
• Avaliação e Tratamento de Úlcera de Perna
• Ventilação Não Invasiva
• Auto-desenvolvimento
As inscrições para este encontro deverão ser feitas, preferencialmente online, no seguinte endereço: www.inscricoesencontrouss.com

12 março, 2010

Oferece-se trabalho


...trabalhar gratuitamente. Estou-me a referir aqueles colegas que teimam em chegar ao serviço antes da hora certa (a partir da qual são remunerados) para "começarem a preparar" o turno, ou seja, para trabalharem mais tempo do que aquele que lhes é pago. O pior ainda é que os ditos colegas acabam por estorvar os colegas que estão a finalizar o turno e se tentam despachar para terminar os assuntos pendentes. Sinceramente estes colegas são quase tão irritantes como aqueles que acabam por ficar no serviço 1 ou 2 horas depois do seu turno ter acabado, a ver os colegas a trabalharem... é caso para dizer "get a life!"

01 março, 2010

Tempo é dinheiro



...subvalorizar-se. Daquilo que eu constato no meu dia-a-dia, os enfermeiros tendem a dar pouco valor ao seu tempo e ao seu trabalho e se nós não dermos valor, quem dará? Um exemplo daquilo a que eu me estou a referir é a disponibilidade exagerada dos enfermeiros para tudo e mais alguma coisa. Observo com frequência um colega estar ocupado com qualquer tarefa e deixar o que está a fazer para ir falar com um familiar de um doente que está ao telefone, ou para ir ajudar o médico a fazer alguma coisa (não urgente). O que quem está do outro lado pensa é que ou o enfermeiro não estava a fazer nada, ou estava a fazer algo sem importância. Pergunto-me é se quem está deste lado (os próprios enfermeiros) pensarão o mesmo, o que seria a meu ver, grave. Outro exemplo é a disponibilidade dos enfermeiros aquando do planeamento de alguma actividade como ensinos ao cuidador. O cuidador é quem costuma marcar o dia e a hora e o enfermeiro está sempre disponível, adaptando todo o seu trabalho posteriormente; mais uma vez, será que o enfermeiro costuma estar sempre sem fazer nada? Há uns dias atrás fui a uma consulta médica privada, paga a peso de ouro como costume, e mesmo assim tive de esperar uns dias pela mesma e no dia, ainda tive de esperar uns largos minutos para ser atendido (depois da hora previamente marcada). Como já disse anteriormente, não basta fazer as coisas, é preciso mostrar que fazemos as coisas e que as fazemos bem, que temos muitas tarefas, muita responsabilidade, e consequentemente muito valor; assim não precisávamos de greves e manifestações para o demonstrar.