31 dezembro, 2010

2010 -> 2011


...ver aproximar-se o inicio de mais um ano, ou será que esse ano já começou? Se Cristo nasceu no Natal, então aí será o início do ano 0 (d.c.), e não passado 6 dias, não? Há certamente uma boa explicação para isso, mas eu não sei e não me apetece googlar, por isso, se alguém se quiser exprimir, esteja à vontade. Agora, os tradicionais votos de Ano Novo:

Reflitam no ano que passou e tirem conclusões úteis para o ano que aí vem. Apesar das más perspetivas, os enfermeiros têm a vantagem (?) de já estarem habituados a grandes dificuldades. Saibamos usar mesmo o que for mau em nosso favor, saibamos ver as coisas por uma perspectiva mais positiva, saibamos lutar pelo que queremos com persistência e sentido de responsabilidade, saibamos ser felizes e se o desejo de muita gente para o novo ano é o de saúde, aproveitemos o facto de sermos as pessoas mais indicadas para lhes dar (ou vender) isso! Eu próprio vou (infelizmente) fazer isso desde o primeiro minuto.


Boas entradas e bom ano 2011!

24 dezembro, 2010

Boas Festas


...desejar a todos os visitantes deste blog um:

Feliz Natal!!!

Aproveitem ao máximo esta época e guardem um bocadinho do espírito natalício para os restantes dias do ano.

20 dezembro, 2010

Assimetrias


...ser diferente dos iguais. No outro dia, num certo concurso televisivo onde os concorrentes dizem a sua profissão, uma das concorrentes disse ser enfermeira supervisora. Isto fez-me pensar nas assimetrias da nossa profissão... ou será que até já é mais que uma profissão? Temos assimetrias entre os diferentes países, assimetrias dentro do nosso país, entre as instituições de saúde, dentro das mesmas, dentro de cada serviço e dentro das tarefas de cada um. Será sem dúvida uma das profissões mais heterogéneas que conheço. O conceito de enfermeiro em cada país é tão díspar como os seus ordenados, sendo que no nosso país temos dos enfermeiros mais desenvolvidos, com mais conhecimentos e competências, ainda que sejam dos que têm menor visibilidade social e menores ordenados (o que está correlacionado). Os ordenados variam ainda consoante as regiões, sendo que me parece que os enfermeiros são melhor remunerados no centro do que no norte/sul, ainda que desempenhem funções semelhantes (admitindo contudo que haja algumas diferenças). Em zonas iguais, mas instituições diferentes, os enfermeiros desempenham funções diferentes, têm ordenados diferentes e responsabilidades díspares. Dentro da mesma instituição, em serviços diferentes, vemos enfermeiros com a mesma formação, mas com uma enorme diferença no trabalho que desempenham, a nível do esforço físico/mental, das responsabilidades, e isto sem contar com os muitos cargos diferentes que um enfermeiro pode ocupar. Mesmo dentro do mesmo serviço, enfermeiros semelhantes na sua formação, e no seu percurso académico e até profissional, podem desempenhar funções muito diferentes, nomeadamente a nivel de front office/back office. Estas disparidades podem levar a uma desmotivação quando percepcionadas pelos enfermeiros, com as consequentes implicações disso. Parece que "somos todos colegas"... mas é só ás vezes! Para terminar, saliento ainda a heterogeneidade das funções de um enfermeiro, que num momento está a recolher material para uma intervenção que o médico vai realizar, ou a pentear um cabelo, para a seguir fazer reabilitação, ou ensinos/treinos ao doente. Eu acho que actualmente não faz sentido existir um profissional com um leque tão alargado de funções/responsabilidades, uma vez que o futuro aponta para o caminho da especialização/diferenciação e este "profissional faz-tudo" acabará por não fazer nada, uma vez que o seu leque de funções está a ser facilmente retalhado e "roubado" por outros profissionais e a solução passará por uma especialização numa "parte do leque", algo em que sejamos especializados, algo que desempenhemos melhor que ninguém, sendo insubstituíveis; só falta definir o quê... se ainda formos a tempo!...

03 dezembro, 2010

Vencer a resistência do consciente


...conviver todos os dias com as mesmas coisas e por vezes não pensar em todos os significados das mesmas. As coisas e as situações por vezes passam uma espécie de mensagem subliminar que nós nem sempre reparamos. Começo pela farda... porque se usa a farda? "Para fazer a distinção dos profissionais... porque é prático..."; só por isso? Porque é que nalgumas escolas as crianças têm de usar farda? Para não se confundirem com... os professores?! A farda também serve para uniformizar todas as pessoas que a usem. Todos os enfermeiros, usando a farda são uniformizados; a partir do momento em que despem a roupa "da rua" e vestem a farda, perdem a sua individualidade, ficando "todos iguais". Os médicos e outros profissionais que usam bata, não perdem a sua individualidade, usam uma bata (de preferência aberta), mantendo a sua roupa própria que os diferencia, que não lhes retira a sua individualidade. As enfermeiras são incentivadas a nem sequer usarem maquilhagem nem qualquer adorno e manter o cabelo preso, igual em todas, retirando qualquer possibilidade de expressão individual (porque é que "as das batas" fazem quase sempre o oposto?); resta-nos o calçado e as meias, que é usado por alguns da maneira mais criativa possível, como manifestação da sua individualidade e diferenciação dos demais colegas. E a mania dos médicos usarem o estetoscópio (que os identifica) à volta do pescoço? Qual a simbologia, que mensagem transmite? Passa a mensagem que o médico ouve o que mais ninguém consegue ouvir; mas o médico também consegue ver o que mais ninguém consegue ver, pois usa otoscópios e quadros brancos para visualizar radiografias, sendo instrumentos que socialmente também o identificam. Que instrumentos identificam os enfermeiros?  Para terminar, só mais uma reflexão... os doentes usam campainhas para chamar pelos enfermeiros... quem mais é chamado por campainhas? Os empregados, os criados, certo? Muitas mais coisas na nossa profissão são merecedoras de uma reflexão sobre a mensagem que passam, pois nada é feito/decidido ao acaso e existe muita gente ciente da importância desta mensagem subliminar, da simbologia das coisas, da imagem social e que a sabe usar em seu proveito; infelizmente os enfermeiros não estão incluídos neste grupo e só sabem queixar-se posteriormente da falta de reconhecimento social, sem pensar nas causas da mesma. Por vezes devíamos parar um pouco e refletir nos vários significados das coisas, nas mensagens que passamos, ver para além do óbvio e do concreto; a profissão estaria certamente melhor.