31 dezembro, 2011

Armagedão


...desejar a todos boas saídas e óptimas entradas no ano que se aproxima. 
Para muitos, surge o temor do "fim do mundo", e para muitos irá certamente ser mesmo "o fim do mundo", grande parte deles acompanhados de perto por um enfermeiro, a quem cabe a tarefa ingrata (?) de ver partir os outros e superar instantaneamente qualquer pensamento triste/angustiante natural na mente de qualquer humano, para que os doentes da enfermaria ao lado não se apercebam de nada e para conseguir manter a sua sanidade mental neste frágil equilíbrio com fronteiras nem sempre bem definidas entre a sanidade e a insanidade, entre a loucura e a genialidade.


Bom ano 2012 !  (e não se esqueça de ser feliz) 

24 dezembro, 2011

Xmas



...desejar a todos e em particular aos que, como eu, vão estar a trabalhar, sem orgulho, boa-vontade, carinho, caridade ou solidariedade, apenas por obrigação profissional, um...

FELIZ NATAL !

11 dezembro, 2011

This one's 4 U!


...(d)escrever uma reflexão tida no Water Closet... Quanto mais falsas são as pessoas, menos eu gosto delas. Sim, já tinha falado disso anteriormente, mas é uma coisa que me irrita deveras e estão sempre a aparecer no meu caminho pessoas destas. Felizmente tenho (a julgar pelo histórico) um boa capacidade para avaliar rapidamente as pessoas e detetar uma pessoa falsa, pelo que assim estas têm azar pois não vou nas suas cantigas, nos elogios, nas falinhas mansas, nos presentinhos e não hesito em demonstrar que "já te topei, vai bater a outra porta". É no entanto engraçado como a maioria das pessoas se deixa levar nestas conversas e nestes presentinhos (envenenados) oferecidos àqueles de quem querem a confiança para daí obterem benefícios. Começam por se mostrar muito humildes e simpáticas com toda a gente, até terem conseguido avaliar quem lhes interessa ludibriar e depois então põem as garras de fora e mostram o seu carácter, mas conseguindo enganar muitas pessoas, pessoas que se julgam muito espertas, mas que acabam por não resistir a tanta adulação e quando dão conta que caíram na teia, é tarde demais. Só é pena não haver um autoclismo que se possa "puxar" para mandar estes excrementos sociais pelo cano abaixo.

14 novembro, 2011

Não acredito nelas, mas...


...escrever o post provavelmente mais curto de sempre. Depois das férias, não só as minhas, apetece-me dizer... "Ele há coisas do Diabo!"

16 outubro, 2011

Volto já


...saborear umas tão ansiadas férias. Aproveitar enquanto há dinheiro para tal... quando não houverem férias, não sei como vou aguentar o trabalho...
Até já!

01 outubro, 2011

Gestão de crise



...ser gerido. Com o hype da crise económica, sobressaem os nossos gestores. Como não podia deixar de ser, os enfermeiros querem sobressair e exibem em primeira linha os seus dotes também de gestores, ou não sejam eles "pau para toda a colher" (estranhamente por vontade própria). "É preciso reduzir 15% nas horas extraordinárias"... todos os outros fogem, escondem-se, fingem-se surdos, cegos e mudos, tentam passar despercebidos para não pagarem a fatura da crise, mas os enfermeiros não, os enfermeiros, solidários como sempre, dão um passo em frente e reduzem, não 15%, mas ainda mais que isso, enquanto os outros esfregam as mãos... se os enfermeiros pagarem a totalidade da fatura, não sobra nada para eles. Pergunto eu se nós não pagámos já o suficiente da fatura ao longo de todos estes anos em que não estamos a ser remunerados de acordo como o nosso grau académico (ainda não descobri se isso não será inconstitucional). É claro que as competências de gestão dos nossos superiores hierárquicos são do mais avançado que existe... é preciso economizar? Corta-se, reduz-se! Eficiência? O que é isso? Se em vez de 5 enfermeiros por turno tivermos só 3, estamos a economizar... quem disse que economizar é difícil?! Depois na próxima reunião de administração já me posso gabar que consegui reduzir mais de 30% nas horas dos enfermeiros, ficando bem visto à custa de escravizar os meus subalternos (colocando em risco da segurança dos doentes) e garantindo o meu lugarzinho na instituição. A esperança de que "a crise" desenvolvesse noções de gestão nos enfermeiros vai-se desvanecendo no meio de tanta trapalhada e passos em falso. Os prestadores de cuidados, sempre preocupados com a economia, usam agulhas de calibre inferior para aspirar ampolas, para conseguirem economizar escassos cêntimos... "é pouco, mas se toda a gente fizer isso isso já dá alguns euros por mês", vê-se que não sabem qual é o orçamento de um hospital e o impacto disso no mesmo, mas o melhor de tudo é que o preço das agulhas até é o mesmo independentemente do calibre. O mesmo enfermeiro, em seguida vai executar um penso, a um doente em fase terminal, com poucas  mais horas de vida e usa material no valor de dezenas de euros (para além de causar desconforto ao moribundo). Querem economizar? Comecem por dar lições de economia ás pessoas, abram-lhes os olhos, chamem-nas à realidade, uma realidade com números com que elas nem sonham.

07 setembro, 2011

E tudo o vento levou...

 

...demonstrar a nossa ignorância. Um turno inteiro, cerca de 7 horas de esforços para fazer boa figura, para se superiorizar ao colega que assiste calado ás manifestações de egocentrismo, de auto-bajulação, de indiretas (ás vezes bastantes diretas). Tão boa figura faz a colega que critica o trabalho dos outros e eleva as suas ações ao expoente máximo da enfermagem, que ensina o que é enfermagem ao colega que deve estar calado com vergonha de trabalhar modestamente ao lado de alguém tão competente, tão capaz, uma verdadeira artista do cuidar. Tanto tempo gasto, tanto esforço para nada... foi tudo por água abaixo em menos de 1 minuto, no minuto em que o colega calado decidiu abrir a boca, no momento em que tomar uma decisão importante para os cuidados de enfermagem foi preciso e a colega que até então se tinha em tão boa conta teve de se resignar à sua burrice, à insignificância das suas rotinas gastas e ineficientes, tendo poucos argumentos para se defender por saber que contra factos (científicos) não há argumentos. A colega aprendeu a falar menos e teve de aturar o resto do turno o silêncio do colega que a partir daí passou a soar a "vai buscar!"

26 agosto, 2011

Rica vida


...ser mais uma vez do contra. Tenho mais uma opinião que a par da opinião do sufrágio universal/restrito poderá levantar alguma polémica, porquê? Porque me parece ser aceite como irrefutável (sobretudo nesta altura de crise económica) que os ricos devem pagar mais esta crise que os pobres, ou seja, que "os ricos devem descontar mais que os pobres" e eu não concordo com isso, pelo menos com o significado com que é dito. Concordo que quem tem mais desconte mais, mas numa lógica percentual, que matematicamente também pode ser vista como "todos descontam o mesmo (valor percentual)". Esta visão comunista da sociedade estimula a preguiça, a inércia, a negligência... padece das fraquezas do comunismo. Para quê trabalhar, para quê esforçar-me para evoluir se depois o meu dinheiro vai ser distribuído por quem não se esforçou, por quem não trabalhou, pelos preguiçosos? Sim, tenho ideias/ideais capitalistas e se muitos mais portugueses tivessem também, não teríamos o país neste estado miserável em que se encontra, resultado de não ser capitalista, quando é o capital que move o mundo. Se queremos sair da crise, temos de produzir, de investir e não de poupar, sem contudo gastar mais do que aquilo que podemos como tem acontecido nos últimos anos. A sorte deste "país socialista" é existirem "países capitalistas" que o vão ajudando a levantar-se, obtendo obviamente alguns beneficios no processo (ou não fossem eles capitalistas). Na enfermagem, acho que também há uma grande deficiência desta visão capitalista das coisas. Os enfermeiros parecem não entender que as pessoas também são números, que a saúde são números (e bem grandes) e que temos de aprender a jogar com esses números em nosso favor.

"A partir de um certo ponto, o dinheiro deixa de ser o objetivo. O interessante é o jogo." 
 Aristóteles Onassis

12 agosto, 2011

É hoje!


...interessar-se (também) por astronomia. Hoje é um óptimo dia para fazerem uma coisa... sobretudo aqueles que se sentem os maiores, aqueles que acham que têm muito, ou que conseguiram muito, que são importantes, que são grandes... ao anoitecer dirijam-se para um sítio longe da cidade e da sua poluição luminosa (e já agora de todas as outras formas de poluição urbana), levem material que lhes permita deitarem-se no chão e roupa que os agasalhe minimamente. Ao chegarem ao sítio, dêem cerca de 10 minutos aos vossos olhos para permitir que as pupilas se dilatem, a rodopsina se regenere e a retina se ajuste de modo a disponibilizar mais bastonetes, depois deitem-se no chão e olhem para cima, para o firmamento e contemplem as centenas de estrelas que por certo conseguirão observar, e pensem no tamanho do Universo, comparem-no com o da Terra, com o do vosso país, da vossa cidade, da vossa casa, o vosso e não tenham medo por se sentirem tão pequenos, tão insignificantes, pois neste Universo infinitamente grande, é assim que vocês são. Enquanto estiverem absortos comtemplando a abóboda celeste, aproveitem para olhar na direção de Perseus, pois hoje é o pico das Perséiades e afinal de contas não é todos os dias que podem observar um fenómeno da Natureza tão fascinante, que ocorre pelo menos há 2 mil anos, independentemente de vocês ou de qualquer outra pessoa e que vão continuar a ocorrer anualmente mesmo depois de vocês desapareceram e serem esquecidos pelo tempo. Aproveitem o dia de hoje portanto, para caírem na realidade, para terem a real percepção de vocês mesmos e do vosso lugar no Universo.

"Apenas duas coisas no Universo são infinitas: o próprio Universo e a ignorância dos homens."
 Albert Einstein

20 julho, 2011

CSI



...encaixar provavelmente em certos "perfis típicos". Alguém adivinha (sem consultar a fonte nem pesquisar no google) de que é este perfil típico? Será de um enfermeiro?

"Perfil típico de um (?)

    
    Os (?) normalmente não se imitam uns aos outros. Mas por qualquer motivo, o modo de agir é idêntico, como se todos fossem geneticamente iguais ou criados num mesmo ambiente

 Aparência Geral
    Inteligente. Intenso. Abstraido. Surprendentemente, para uma profissão que é sedentaria, a maioria dos (?) tende a ser magra; ambos os extremos são mais comuns que em qualquer outro lugar. Os bronzeados são raros.

 Forma de vestir
    Casual, vagamente pós-hippie; t-shirts, jeans, ténis, sandálias ou pés descalços. Cabelo comprido, barbas e bigodes são comuns. Alta incidência de t-shirts com “slogans” (tipo "vai ao cinema mas não me chames").
      Uma minoria substâncial prefere roupas “de camping”: coletes e calças militares e de campismo, etc.
    Os (?) vestem-se para o conforto, a funcionalidade e para terem o mínimo de manutenção, pecando na aparência (alguns levam isso a sério e negligênciam a higiene pessoal). Os (?) têm um índice de tolerância baixo a roupas de "negocios"; e até é comum eles largarem um emprego para não usarem roupa formal. (?) do sexo feminino tendem a nunca usar maquilhagem visivel. A maioria não usa.

 Hábitos de leitura
    Normalmente com grandes quantidades de ciência e ficção cientifica. Qualquer coisa como “American Scientific”, “Super Interessante”, "Science & Vie", etc.
    Os (?) normalmente têm uma capacidade de leitura de coisas tão diferentes que impressionam pessoas de vários géneros. Têm porém a tendência de não comentar muito isso. Muitos (?) gastam a ler o que outros gastam a assistir TV e têm sempre estantes e estantes de livros selecionados em casa.

 Outros interesses
    Alguns hobbies são bastante partilhados e reconhecidos como tendo a haver com a cultura: ficção cientifica, musica, medievalismo (na forma activa praticada por Grupos que se isolam da sociedade e organizações similares) xadrez, gamão, jogos de guerra e jogos intelectuais de todos os tipos. (os RPGs eram muito difundidos até começarem a ser explorados pela massa). Há muitos (?) que praticam rádio amadorismo e outros que se dedicam a construir robots e máquinas electrónicas, empregando tecnologia muito avançada na sua construção.

 Actividade física ou desportos
    Muitos não seguem nenhum desporto e são anti-exercício. Aqueles que fazem, não curtem ficar a ver os outros fazer, como espectadores. Para os (?) o desporto é algo que se faz e não algo que se vê os outros fazer. Também evitam desportos de grupo como se fossem a peste, com possivel excepção de voleibol. Os desportos desse tipo são, quase sempre, aqueles que envolvem competição individual e auto-superação, concentração, força interior, e capacidades motoras como: as artes marciais, andar de bicicleta, corrida de karts ou automóveis, escalagem, aviação, tiro ao alvo, navegar, esquiar, andar de skate, snowboard, etc.

 Educação
    Quase todos os (?), acima da adolescência, são portadores de diploma ou educados até um nivel equivalente. O (?) que aprendeu sozinho é sempre considerado (pelo menos para os outros (?)) como mais motivado, e pode ser mais respeitado que o seu equivalente com o canudo. As áreas incluem (além da obvia ciência de computação e engenharia electrónica) a fisica, a matemática, as linguas e a filosofia.

 Coisas que os (?)detestam e evitam
    Mainframes da IBM. Burocracias. Gente estúpida. Música fácil de ouvir (música barata e comercial, etc.). Televisão (excepto pelo velho "Star Trek" e os "Simpsons"). Desonestidade. Incompetência. Tédio. COBOL. BASIC. Interfaces não gráficas.
   
 Religião
    Agnóstica. Ateista. Judeu não praticante. Neo-pagão. Mais comum, três ou quatro desses aspectos combinados. Crentes sâo muito raros mas não desconhecidos."


02 julho, 2011

Obrigado, mas prefiro monopólio


...entrar em jogos mesmo sem querer. Vai entrar um doente totalmente dependente (regras de jogo):
1.Tenho mais doentes - "ah e tal porque é dependente e a tua enfermaria tem menos dependentes, é melhor ir para lá... eu depois ajuda-te a dar a entrada"
2.Tenho menos doentes - "tem de ir para a tua enfermaria porque tens menos doentes"
3.Mesmo número de doentes (os teus mais dependentes) - "vai para a tua enfermaria que está melhor"
4.Mesmo número de doentes (os meus mais dependentes) - "vai para a tua enfermaria... olha, nem reparei que estava mais pesada que a minha"
5.[Esta já é para especialistas] Tenho mais doentes e mais dependentes: "olha, pus o doente na tua enfermaria porque vai haver mais altas lá e depois fica muito vazia" ou -"é melhor ir para a tua enfermaria porque na minha os doentes têm mais pensos" ou ainda -"é melhor ir para a tua enfermaria porque tenho um doente a descompensar"... aqui, depende da imaginação criativa do "jogador"...
Isto é só mais um daqueles joguinhos em que entramos e muitas vezes nem nos apercebemos, tudo para não ter o trabalho de fazer a admissão do doente e este é só mais um no meio de tantos outros, para se beneficiar a si próprio pisando nos outros. Sinceramente estou um bocado farto destes jogos, de andar sempre a ver o que está por detrás das ações dos colegas, porque infelizmente parece haver sempre uma segunda intenção.

22 junho, 2011

Politologia


... questionar o inquestionável. Os ministros foram apresentados, são pessoas aparentemente competentes com um currículo respeitável e obra feita, mas no meio disto tudo há um problema, um grande problema... para chegar ao lugar que ocupam e para se manter lá, precisam dos votos das pessoas e infelizmente toda a gente pode votar e o voto daquele que procura eleger a pessoa mais competente para governar o país, vale tanto como o voto daquele com interesses mais mesquinhos, mais obscuros, que não se importa de trocar o bem do país e de todos os seus habitantes pelo seu bem individual, por "um tacho", por uma benesse ou apenas por querer que ganhe o seu partido da mesma maneira que quer que ganhe o seu clube de futebol. Sim, eu estou a questionar se o direito de sufrágio devia ser universal, mesmo sabendo que muita gente me chacinaria por isso enquanto me falavam interminavelmente do 25 de Abril. Será que toda a gente tem capacidade reflexiva para acompanhar os conflitos sociais, económicos, jurídicos e filosóficos que o Estado enfrenta e escolher as pessoas mais capazes para o cargo? Será que que todos os eleitores colocam a defesa da sua sociedade e espécie acima do seu bem-estar e sobrevivência? Eu acredito que a resposta a todas estas perguntas, sobretudo em Portugal é um redondo "não"! A consequência disto é que os políticos, que precisam dos votos, têm de ir de encontro à maioria da vontade dos eleitores, sendo que esta nem sempre passa pelo rigor, pela transparência e pela competência. Os eleitores preferem muitas vezes uma mentira bonita a uma verdade feia, preferem um bom marketing a uma transparência, preferem gastar enquanto há do que poupar para o que virá, dizem que estão contra "os tachos", mas todos os querem e se não se houver "jobs for the boys", não há "boys" e não há portanto quem angarie votos. É isto que leva a que se deixe o país na quase bancarrota, para se conseguir os votos que nos permitem ficar lá mais uns anitos, é por isso que se dizem tantas mentiras na política mesmo sabendo que mais tarde ou mais cedo acabam por ser desmascaradas, é por isso que eu suspeito do sucesso (político) deste governo, apesar de estar muito confiante no seu sucesso na recuperação económica (e até social) do país.
E por isso questiono o sufrágio universal e acredito que no futuro este venha a dar lugar a um sufrágio restrito, confirmando a visão de Heinlein em "Starship Troopers".

09 junho, 2011

Tanto por tão pouco


...querer saber porque é que em enfermagem tudo tem de ser tão difícil, tão complicado, tão demorado. Penso que começa logo no curso, onde 4 anos me parece ser demasiado tempo para se ensinar tão pouco. Depois começamos a trabalhar (após termos esperado muito tempo por um mísero lugar) e levamos com (mais de) 40 horas semanais para um ordenado equiparável ao de uma auxiliar (desculpem, mas prefiro esta terminologia) e para o auferirmos ainda temos de trabalhar por roullement, dar cabo do nosso ritmo circadiano, passar festas sem a família, entre os outros (mais que) muitos "ossos do ofício", que por sinal são bem duros de roer. Depois, pensamos em ascender na carreira... qual carreira? Isso já não existe há muito, mas... podes "subir" a especialista! Ai sim? Claro, perdes 2 anos, em que para além das (mais de) 40 horas semanais ainda tens de ir ás aulas, estudar em casa e provavelmente arranjar um part-time para pagar as propinas, e no fim... só com muito custo vais lucrar com isso (se querem adquirir conhecimentos, há outras maneiras de o fazer). Então e um mestrado ou doutoramento? Também podes tirar, mas a história repete-se. Então e posso ser chefe? Sim, se te esforçares para isso desde o início, passados uns 30 anos, com muitos sacrifícios pelo meio, muito dinheiro gasto, muito tempo perdido, muitos sapos engolidos e muita graxa passada podemos ter sorte... ou não! E vale a pena? Para mim, por maior que a alma seja, não vale! Então, mas a enfermagem é uma profissão tão ampla, podemos trabalhar em tantos sítios diferentes, em sítios bem interessantes... sim, mas esses já estão todo ocupados e com uma fila de espera de vários anos, por mais sacrifícios que façamos. Então e se tivermos valor pelas nossas capacidades? Ah... ninguém que saber disso, quanto pior fores tu, melhor sou eu. É engraçado que isto que se passa a um nivel "macro", tambem se passa a um nivel "micro". No nosso dia a dia, naquilo que fazemos, nos nossos turnos, ou aquilo que fazemos exige demasiados sacrifcios  (muitas vezes para nada) ou se não for suficientemente complicado, os enfermeiros tratam de o tornar como tal. Noutras áreas, noutras profissões, procuram-se pessoas com valor, pessoas com potencial, e ajudam-se a desenvolver o mesmo, em vez de se querer aquelas pessoas que se sacrificam por (sozinhas) desenvolverem todo o seu potencial, esgotando-o e ficando a um nível muito aquém do que outros poderiam alcançar. Com muito menos sacrificio, as pessoas passam a desempenhar funções muito mais importantes, de maior reponsabilidade e de valor reconhecido. Em enfermagem não se estimula as pessoas a desenvolver-se, não se reconhece o valor das pessoas, não se deixa crescer e ser mais do que os outros, ser quem se pode ser. As maiores figuras da enfermagem (sobretudo a nível nacional) são pessoas de grande valor/potencial, são verdadeiros génios? Ou serão por outro lado pessoas que sacrificaram tudo o resto pela sua carreira (quão triste isso é), ou pessoas que sacrificaram a sua dignidade e o seu orgulho para ascender, ou ainda produtos da política? 
Dizem que "em terra de cegos, quem tem olho é rei", mas na enfermagem, quem tem olho é preso nas masmorras pelo rei (também ele cego).

29 maio, 2011

Σωκράτης


...não votar no PS de José Sócrates. Podia até dizer que não compreendo como há quem vote numa pessoa tão inadequada para o cargo a que se candidata, mas até percebo. Parte dos 60 MM euros estourados serviram para comprar votos; há muita gente à boa vida a viver de subsídios, pagos com o dinheiro dos trabalhadores, dos contribuintes, há muitos boys com bons empregos (pouco trabalho e muito dinheiro), há ainda os homossexuais (há quem fale em lobby gay) que agora se podem casar, há as mulheres que passaram a usar o aborto como "método contraceptivo", há alguns mais crentes quem acreditam que se pode continuar a viver gastando mais do que o que se tem, há quem assimile o medo que Sócrates incute nos portugueses relativamente a tudo e todos (menos a ele), há quem goste de fazer a escolaridade sem por os pés numa escola, quem goste de ser um doutor burro e desempregado, há quem seja partidarista e vote sempre no mesmo partido, independentemente de quem seja o seu candidato, há quem prefira uma boa mentira do que uma má verdade.
Não gostam de nenhum dos outros candidatos/partidos? Não votem em ninguém, votem em branco, votem em todos simultaneamente, façam tudo menos votar em quem tem tem conduzido o país para o abismo e que pelos crimes económicos cometidos devia ser julgado. Tendo em conta o ritmo a que desperdiça dinheiro, de quanto tempo precisará para gastar os quase 78 MM Euros emprestados? Os tais que iam ser conseguidos com o PEC IV (como?!)... José Sócrates jamais conseguirá cumprir os compromissos assumidos com a "troika", tal não está sequer previsto no seu programa eleitoral (ou melhor, folheto publicitário), nunca agiu de forma séria e não vai mudar agora de repente; adiou até ao último momento o pedido de ajuda externa, mentindo aos portugueses enquanto prejudicava exponencialmente a economia do país, agravando a recuperação só para se poder manter no poder mais algum tempo. Não votem em quem brincava aos TGV's e aos aeroportos mesmo com a dívida astronómica que contraiu, em quem sempre esteve envolvido numa série de escândalos mais ou menos abafados, desde a sua licenciatura tirada ao Domingo até ao Freeport e muito mais, em quem promoveu um ambiente de censura... "quem não é por mim é contra mim!". E os enfermeiros, tão prejudicados por este governo, sobretudo enquanto funcionários públicos, pelo menos considerados como tal nos deveres, não têm nenhuma razão para nutrir a mínima simpatia pelo mesmo, não podem continuar nesta situação de bode expiatório, não podem continuar a trabalhar cada vez mais e a descontar cada vez mais (ganhando cada vez menos) para pagar a boa vida dos que não querem trabalhar. Não pretendo dizer-lhes em quem devem votar, pretendo apenas manifestar a minha opinião e ao mesmo tempo alertar os mais desantentos, os que se deixaram entorpecer pela eficaz super-máquina de marketing socialista, para não correr o risco de ver este país na bancarrota, para que eu, os meus filhos e os meus netos não tenhamos de pagar a factura da desmedida sede de poder de  um incompetente, mentiroso e ainda por cima cínico. Não tenho nada a ganhar em particular com os vossos votos, mas posso ter muito a perder (todos nós!).
Sócrates, nunca mais!

"O socialismo dura até se acabar o dinheiro dos outros."
(Margaret Thatcher)

15 maio, 2011

Life is a game... play it!


...jogar. A vida acaba por ser um jogo, com vários jogos pelo meio. Acho que se pode comparar a jogar poker. Temos as nossas cartas que é a única coisa que conhecemos, não conhecemos as cartas dos outros jogadores nem as cartas que a sorte (ou a vida) vai lançar na mesa para conjugarmos com as nossas. Mesmo só com isso, podemos fazer apostas, se acharmos que as nossas cartas valem mais que a dos adversários, ou tentando fazer com que eles pensem isso mesmo; se não tivermos confiança no jogo que temos, não jogamos. Por vezes, mesmo com cartas muito más, somos obrigados a ir a jogo e aqui, cabe-nos ser espertos e em vez de nos lamentarmos da nossa situação, temos de evitar grandes perdas, ou acreditar que num raro momento estatísticos podemos acabar por ter muita sorte e até ganhar o jogo... ás vezes acontece! Nunca nos podemos esquecer que mesmo que estejamos a ganhar, a cada nova carta que sai, pode acontecer uma reviravolta e o adversário ficar em vantagem sem darmos por isso; se isto nos acontecer favoravelmente a nós e o adversário estiver distraído, aproveitemos para tirar o máximo proveito disso. Na vida (como no poker), temos "jogadores" agressivos e "jogadores" passivos... há quem confie na sorte ou que goste de fazer bluff e jogue como se tivesse sempre o melhor jogo, e muitas vezes isso dá resultado, assustando de certa forma os mais cautelosos. Pessoalmente não gosto de jogar assim, prefiro jogar poucas vezes, mas com grandes certezas de ganhar, permitindo por vezes apostar tudo (all in) e vencer, com grandes lucros e até torna os poucos momentos de bluff mais eficazes. No poker, como na vida, outra coisa que altera a maneira como jogamos é a nossa posição, e se por vezes estamos numa posição mais frágil, devemos jogar com mais cautela e esperar que chegue a nossa vez de estar numa posição mais forte para jogar de forma mais agressiva; costuma-se dizer que (tal como o "botão" no poker"), "o mundo anda sempre à roda" e assim a nossa posição vai-se alterando. Outra coisa que se pode aprender no poker é que não devemos ter medo de perder dinheiro, devemos ser capazes de arriscar, de investir, de sairmos do comodismo a que nos vamos habituando. É difícil para a maioria dos portugueses, mas o clima económico mundial vai (aliás, já está a) obrigar os portugueses a terem de se adaptar a estas regras de jogo e quem não se adaptar, vai "saltar fora da mesa".

05 maio, 2011

Livro de reclamações s.f.f.!


...descobrir conversando. "Aqui ninguém faz nada... em França é que era bom... estão a gozar com os doentes... era chamar cá a SIC para ver isto... demoram tanto tempo só para fazer isso?!... poupam numas coisas mas estragam noutras e aqui estraga-se muito dinheiro dos nossos impostos...". Assim ia mais um turno a ouvir o doente mais queixoso do serviço, mas nesse dia tinha (miraculosamente) um tempinho livre e então decidi sentar-me para conversarmos e tentar perceber a verdadeira origem de tanta revolta. Passados poucos minutos cheguei onde queria "Aqui as empregadas estragam muito" (dizia ele) -"Não acho isso" (respondo eu) -"Ah... a mim também pouco me importa" (ele) -"Mas devia importar, se estragam, é dinheiro de todos nós."(eu) -"Meu, não!"(ele) -"Não?! Como assim?"(eu) -"Porque eu não desconto nada para impostos e ainda é o estado que me paga um subsídio por causa de eu ter miopia desde a nascença (?!)..." Pronto, está a explicação encontrada, confirmando o que eu defendo, quem não desconta, quem não paga os serviços é quem mais reclama, quem mais abusa, quem mais direitos quer ter, passando mesmo os limites onde começam os dos outros. É por estas e por outras, que eu sou a favor do fim do SNS... Saúde gratuita e universal para todos é uma grande treta, nada é gratuito, há sempre um preço, o que varia é quem o paga. Pago eu com os meus impostos, para outros que não pagam nada usufruírem, para usarem e abusarem, porque nem têm nenhuma taxa que modere o uso do mesmo, mas não há problema, nós pagamos, pagamos o público, "universal e gratuito" para eles e pagamos depois o privado onde temos de recorrer quando precisamos, porque o público está entupido pelos outros. É certo e sabido que geralmente não se dá o devido valor ao que é gratuito por isso nada o devia ser e ainda vêm agora com a implementação do regime de dispensa gratuita de medicamentos após a alta de internamento... estou enganado ou estamos numa severa crise económica, praticamente à beira da falência? Quantos medicamentos não vão parar ao lixo, quantos medicamentos pagos por quem tem mais deveres do que direitos não vão mas é poluir solos e águas por esse país fora? Assim é este país miserável, que IMHO troika nenhuma conseguirá mudar.

27 abril, 2011

Desbloqueadores de conversa


...subir e descer... de elevador (que as escadas fazem mal ás articulações). Os elevadores proprocionam momentos interessantes de uma intimidade pouco íntima (ou não). Um "chama o elevador", os outros ficam à espera, mas há sempre alguém que não confia na luz do botão já acesa e volta a carregar ("pode ser que me conheça pelo toque e venha mais depressa"); o elevador chega e a porta abre-se, toca a entrar antes que a porta feche. As pessoas vão começando a carregar no botão do piso pretendido à medida que entram... há sempre aqueles que ficam á espera que todos carreguem ("pode ser que alguém vá para o mesmo piso que eu e assim já não preciso de conspurcar o meu dedo a carregar no botão"); quem já está no elevador observa o piso seleccionado pelos outros para tentar adivinhar para onde vai e/ou que vai fazer; o elevador pára num piso que ninguém pretendia, abre-se a porta e alguém do outro lado pergunta "Vai descer?" -"Não, vai subir, alguém responde dentro do elevador" -"Ah, não faz mal, subo e depois desço, já cá fico" e assim atrasa mais um bocado a viagem. Trocam-se olhares e o elevador cheio provoca invasões do espaço pessoal, alguém invade aquele perímetro de meio metro e faz-nos sentir desconforatveis mesmo sem nos tocar. As pessoas vão saindo e o elevador vai ficando vazio, criando momentos constragedores em quem lá fica; olha-se para os números do piso "a subir" devagar, olha-se para o nome que alguém escreveu no teto do elevador, olha-se para o espelho e assim vai-se espeitando a outra pessoa ("oopss, que ela deu conta que eu a estava a observar pelo espelho"). Toda a gente sai menos nós, que vamos mesmo para o último piso ("o que fica no último piso? Onde vai este de gelado na mão?"). A porta abre-se no último piso e nós saímos, mesmo a tempo de ver o pôr-do-sol, quase a conseguir ver o "brilho verde" enquanto saboreamos o nosso gelado cremoso, retemperando alguma energia

20 abril, 2011

Boa Páscoa!



...desejar a todos (mais) uma boa Páscoa, de preferência sem ser a trabalhar.

Aproveito ainda os sentimentos desta época pascal para dizer que este blog deverá "ressuscitar", depois de ter andado um pouco "morto" nos últimos tempos, mas várias circunstâcias a isso levaram.
Aproveitem para comer amêndoas e as outras iguarias desta época, enquanto o FMI não as leva para pagar a divida...

25 março, 2011

Não Stresses


...conhecer músicas que nos conhecem.

"Esta é pa quem tá fechado das nove às dezoito
A trabalhar por alguem que nem merece respeito
E a pensar: quando é que me reconhecem talento
A descontar pa incompetentes indiferentes ao teu sustento
Ou à forma como vives, desgastado
Chegas a casa e já só queres estar sentado
A ver imagens que já tens comprado
Com mensagens que te dão o prazer de ser anestesiado
Cada vez mais afastado daqueles que amas
Porque amanhã cai-te tudo de novo nas costas
Ja sabes que isso te remoe e reages assim
Sais com uma nesga de luz o dia tá no fim
Não te deixes atingir, ir abaixo, sentir o fundo
Ou talvez nunca voltes desse mundo refundo
Eu por aì passei algumas vezes confesso
Numa divisão sem luzes à parede encostado... Não stresses!

Refrão:
Não é só para ti que eu falo, é para toda a gente
Não stresses! - Expulsa o negativo aí de dentro!
Não é só por mim que eu falo, é por todos nós
Não stresses! - Junta-te à nossa voz com sentimento!

Esta vida são dois dias, nós passamos um a passar-nos
Outro a arrependermo-nos de como não aproveitamos
O tempo de outra maneira, mais útil, mais verdadeira
Mais pura e ordeira e nunca mais do fútil prisioneira
Uma forma sem forma, uma soma sem fórmula
Uma norma vazia de dogmas e filtros de boa energia
E de bom karma, portanto, dá um retiro à tua alma
E com calma, aprende a aceitar o que se passa
À tua volta, tudo tem uma razão de ser
Contrariar esse facto, só o torna mais exacto
Só complica a tua existência, só te atrasa o passo
Pagarás caro a arrogância de saíres do compasso
Sai antes do espaço que encerra o teu equilíbrio
Liberta-te de qualquer motivo para entrares em delírio
Não sejas passivo, mas não queiras ser estóico
Deixa o fluxo no seu curso e não sejas paranóico

Refrão:
Não é só para ti que eu falo, é para toda a gente
Não stresses! - Expulsa o negativo aí de dentro!
Não é só por mim que eu falo é por todos nós
Não stresses! - Junta-te à nossa voz com sentimento

Inspira... Expira... (...) Relaxa!

Pôr as coisas noutro ângulo, observar de outra perspectiva
É meio caminho andado para uma atitude mais positiva
Que por sua vez é outro meio para chegar à harmonia
Acredita, porque a verdade está nos olhos de quem mira.
Desabafa hoje deita tudo cá pa fora
Vamos partir esta pista levantar voo daqui pa outra
Agora abana a cabeça afasta o mau karma
É aqui que entras num diferente comprimento de onda
Discussões com a companhia tiram-te o sono e os apetites
E dão-te uma sensação estranha de vazio na barriga?
Complicações na ocupação incomodam-te como encefalites
Ou dermatites entre os dois extremos da bacia
Sabemos o que isso é, vamos livrar-te desse peso
Penso que te posso ajudar a passar por este momento
E por este tempo, porque este tema bem pode ser
Uma iniciação para a solução dum problema

Refrão:
Não é só para ti que eu falo, é para toda a gente
Não stresses! Expulsa o negativo aí de dentro
Não é só por mim que eu falo é por todos nós
Não stresses! Junta-te à nossa voz com sentimento"

Mind da Gap

02 março, 2011

Penso, logo existo


...tomar noção de si próprio. Na enfermaria, duas enfermeiras discutem sobre lençóis, qual a melhor técnica para os dobrar e afins, numa outra, estagiários de enfermagem empolgam-se pela possibilidade de poderem observar um procedimento médico (efetuado por um médico), ao mesmo tempo, os médicos reúnem-se na sua sala para discutir sobre a melhor maneira de curar as doenças dos seus doentes, entro no elevador e dois delegados de informação médica trocam números de telemóvel de médicos "é que ela é das mais importantes e tenho de a avisar que o horário do voo foi alterado", empregadas da limpeza sonham em voz alta o que fariam se lhes saísse o Euromilhões enquanto esfregam o chão, o administrador passa no corredor em passo apressado e com ar pensativo, em que pensará? Numa medida que pode afetar a vida de milhares de pessoas? E enquanto eu observo isto, numa atitude socrática, penso: o que estão os outros 7 biliões de pessoas a fazer? Haverá com certeza engenheiros a preparar o futuro, aquele de que nós só vamos tomar conhecimento daqui a muito tempo, ou mesmo nunca, haverá professores  a ensinar futuros enfermeiros, médicos e engenheiros, a abrir-lhes as mentes para o mundo do conhecimento, do pensamento, da existência; haverá cientistas prestes a descobrir coisas que nós nem imaginamos, a inventar coisas que num futuro não tão longínquo nos poderão fácil e eficazmente substituir depois de devidamente desenvolvidas pelos engenheiros; haverá lideres mundiais prestes a tomar decisões capazes de mudar o mundo e a história, haverá terroristas prestes a mudar o mundo de algumas pessoas; haverá soldados a lutar por ideais e ideias que não são deles; haverá pessoas a tentar bater recordes mundiais; haverá pessoas a transaccionar dinheiro em quantidades para nós inimagináveis, apesar de também ser nosso, e ganhando muito com isso... enfim, o que fazemos nós enquanto isso? Estamos a contribuir para mudar o mundo ou pelo menos o mundo de alguém, ou somos meros peões? 
Ás vezes dá-me para isto...

14 fevereiro, 2011

Ditadura na saúde


...referir-se a um assunto, não tanto como enfermeiro, mas mais como utente/cliente, pois acho que as "relações interdependentes" (como p.ex. limpar o suor da testa ao cirurgião), podiam e deviam tender para a extinção, mas sobre isto estou a pensar referir-me noutro post. A prescrição por DCI volta a estar "na berlinda" e os mais importantes de todo o processo (os utentes) ficam a ver passar "a berlinda" sem poderem fazer nada. Confesso que fico um pouco chocado (neste país já começa a ser difícil haver algo que me choque muito) ao ver a insolência com que os médicos se assumem como ditadores na saúde (ou melhor, na doença) dos seus utentes/doentes e mais que isso, na carteira dos mesmos. Assim de repente "só" me surgem muitas perguntas em que a resposta pouco terá a ver com a "defesa dos doentes":
-No curso de medicina, aprendem a prescrever substâncias ativas ou marcas?
-Ainda que diferentes marcas possam ter efeitos terapêuticos diferentes, como sabem os médicos quais são os melhores? Experimentam-nos neles, fazem dos doentes cobaias, ou acreditam no Pai-Natal (leia-se delegado de informação médica)?
-A quem cabe avaliar a qualidade dos medicamentos à venda no mercado português? À Ordem dos Médicos ou ao Infarmed? Quem tem a competência e capacidade técnica para tal e quem tem uma opinião corporativa e baseada em mitos?
-Se no internamento prescrevem por principio ativo, porque não o fazem em ambulatório, prescrevendo normalmente uma marca diferente daquela na qual confiaram durante o internamento e que melhorou o doente?
-Porque é que a opinião do bastonário da OM é sempre coincidente com a da indústria farmacêutica e sempre com preocupações mais industriais que científicas?
O nosso Presidente (da República) que percebe imenso de medicina, vetou o diploma, zelando pela saúde dos doentes, para que estes não andem por aí a tomar medicamentos baratos (o que não é nada chic) e como não têm dinheiro para os de marca, não tomam medicamentos, pelo que da cura já não morrem, morrerão da doença?
A Indústria Farmacêutica (e seu representante mais ativo, i.e. Bastonário da OM) congratulou-se com esta decisão (porque será) e até disse que assim foram salvos cerca de 1000 postos de trabalho (pagos com o dinheiro de quem?); resta saber se neste número estão incluidos os empregos relativos ao "turismo médico", negócio de LCDs/LEDs, smartphones e afins, sim, porque se para a opinião pública as prendinhas dos delegados de informação médica se calhar são só rumores, ajudada pela rapidez com que as denúncias fundamentadas/factuais destas situações são abafadas na comunicação social, quem como nós sabe a realidade (ou pelo menos parte dela), não pode deixar de sentir revolta por este sistema mafioso. A marca serve apenas para proteger o mercado e consequentemente o preço do medicamento após a caducidade das patentes (período após o qual começam a aparecer os genéricos), mas isto pouco interessa ao doente (e ao Estado), pelos vistos só interessa aos médicos (e à indústria farmacêutica). O doente, que compra o medicamento e que o vai tomar é que é lógica e racionalmente quem decide a marca, após o aconselhamento com o seu médico e com o farmacêutico (que por sinal percebe mais de farmacologia que o médico), de acordo com as suas possibilidades monetárias, numa decisão livre, informada e responsável. Ainda gostava de ver a reação de um médico se na próxima vez que fosse ás compras e quisesse comprar por exemplo leite, estivesse lá um nutricionista para o obrigar a comprar leite de determinada marca, uma vez que ele percebe mais de leites do que o médico. Situações ridículas num pais ridículo, onde os médicos nem precisavam de se preocupar tanto com esta situação, uma vez que para a maioria do portuguesinho, aquilo que o sr. dr. médico disser é lei. Coroam-nos e não querem que reinem?

03 fevereiro, 2011

Em mudanças


...mudar para evoluir. A(s) transferência(s) de serviço faz(em) parte da maioria da vida profissional dos enfermeiros. Por uma razão ou por várias razões, essa necessidade acaba por surgir e esta não deve ser negligenciada. Mudar, contudo, não é fácil, cortar com laços profissionais e mais que isso, com laços afectivos, afastar-mo-nos de pessoas com quem já passámos tanto tempo, com quem partilhámos emoções e momentos bons e maus, deixar a segurança do conhecido e partir para a insegurança do desconhecido, arriscar a desilusão e o arrependimento, mas mudar é preciso, sem mudança não há evolução e sem evolução paramos no tempo que não pára para esperar por nós. Dizem que a vida é como uma peça de teatro sem oportunidade de ensaios, para mim é um jogo sem hipótese de restart, pelo que se não estivermos a jogar bem, temos de mudar a estratégia de jogo rapidamente, antes do Game Over, que pode surgir inesperadamente. Diz a incontornável sabedoria popular que "quem muda Deus ajuda" e eu, como de costume, estou de acordo e acrescento que há pessoas que nem precisam de muita ajuda, são pessoas que sabem construir a sua sorte e por isso a merecem. Sobretudo, não nos podemos esquecer de ser felizes e de fazer tudo por isso.
Boa sorte! 

"Um amor, uma carreira, uma revolução: outras tantas coisas que se começam sem saber como acabarão." (Jean Paul Sartre)

24 janeiro, 2011

Ece Enphermeiro


...não saber escrever nem falar. Sendo um problema mais ou menos generalizado atualmente, parece-me que atinge os enfermeiros de uma forma mais acentuada do que seria esperado/desejável, até pela importância que os registos assumem na nossa profissão, e não estou a falar de pequenos erros, de confusões com o acordo ortográfico (que por vezes até a mim me confunde), mas sim de graves erros ortográficos e gramaticais, daqueles capazes de alterar completamente o significado de uma frase ou de a tornar incompressível. Deviam-se ensinar os enfermeiros a falar e a escrever português correto, em vez de se lhes impingir diátipos que ninguém entende, nem os próprios enfermeiros, porque até acabam por chocar com a língua portuguesa, fruto das traduções (dizem eles). Para disfarçar esta lacuna, obrigam os enfermeiros a "clicar em bolinhas", assim não há erros... confesso que esta restrição aos meus registos, esta forma de censura muito me desagrada, pois para a responsabilidade dos mesmos me ser atribuída, diz a filosofia que obrigatoriamente também tem de me ser atribuída a liberdade na execução dos mesmos. Esta solução falaciosa não impede os enfermeiros de fazerem "figuras tristes" nos diálogos com os familiares dos doentes e com outros profissionais, momentos que me fizeram sentir vergonha pela degradação da imagem da nossa profissão que esses colegas conseguem a cada dia. Para quem não percebe a importância daquilo que eu estou a dizer, deixo um exemplo daquilo que a (simples) pontuação pode fazer:

Acabem-se com os enfermeiros! Não precisamos deles.

E agora:

Acabem-se com os enfermeiros? Não! Precisamos deles.

Como vêem, não saber escrever "pode acabar" com os enfermeiros...

06 janeiro, 2011

Relatividade do tempo


...não saber o valor do tempo. "Tempo é dinheiro", sim, mas não só. Um enfermeiro que aceita 2 euros por uma hora de trabalho sabe o valor do tempo? Isto, para não falar dos que trabalham gratuitamente. A última proposta para limpeza de casa que recebi foi de 12 euros/hora, comparações? São fáceis de fazer. Mas, como disse, o tempo não é só dinheiro, pois há coisas que o dinheiro não consegue comprar, e que devemos pensar se são mais valiosas que o dinheiro ou não, sejam 2 ou 12 euros. Quanto vale poder passar o Natal, ou outras festas com a família? Alguns até dizem que vale o mesmo que um dia vulgar, mas como diz o outro "pimenta no rabo dos outros, para mim é refresco". Quanto vale todo o tempo passado com a família mais próxima, pais, cônjuges, filhos, irmãos? Quanto vale uma noite passada na nossa cama, sem gritos, sem campainhas, sem trabalhar? Quanto vale um dia da nossa vida perdido? Quanto vale a saúde física e mental? Quanto vale um ritmo circadiano adequado? Quanto vale uma tarde passada com um amigo a conduzir um kart, ou um Ferrari? Quanto vale um dia de sossego sem chamadas de telemóvel inquietantes? Quanto vale a felicidade?
Se os enfermeiros soubessem dar o devido valor ao seu tempo, os outros também teriam de o fazer. Não se esqueçam ainda que 75% ou até 200% de pouco, provavelmente continuará a ser pouco.

"Os homens que perdem a saúde para juntar dinheiro e depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde; Por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem o presente, de tal forma que acabam por nem viver no presente nem no futuro; Vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se nunca tivessem vivido." (Dalai Lama)